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Antecipar o copy-paste

Bilhete Postal

Falo-vos de 2008, um ano em que visitei três lugares de mais de 10 milhões de pessoas. Este ano fui a S. Paulo, a Chicago e a Hong Kong. Todos estes lugares têm mais gente que os portugueses todos juntos. Todos estes lugares são impressionantes de vida, de poluição, de reboliço de movimento, de cultura. Este é o mundo da formiga pessoa que pulula a Terra. Aqui abre-se uma janela alta, ou sobe-se a um restaurante giratório, e vê-se o perder de vista de casario e prédios e ícones arquitectónicos e intervenções urbanísticas. São cidades estado como na Idade Média, são lugares que se bastam a si próprios onde há sempre um emprego, uma empresa que nasce e outra que cai. As marcas são similares, os símbolos parecem-se, os jovens vestem-se movem-se, cambaleantes, como em todas as partes. Assim, a globalização tornou os brasileiros, os americanos e os chineses muito parecidos. As grandes empresas e as marcas de referência formataram o modo de estar e de ser e hoje as “cidades estado” assemelham-se em muitos aspectos. Brevemente, os prédios que as caracterizam serão iguais. A mesma música, o mesmo metro de superfície, os mesmos canais de TV. Eu tenho a sorte de ter testemunhado a unidade formal da formiga pessoa e tenho o privilégio de vos poder antecipar o matrix intelectual. Temos de tentar fugir dos preconceitos, das ideias formatadas, dos discursos multimédia que fazem bons uns e maus outros, das informações coladas, sem crítica. O mundo “copy-paste” é um logro do intelecto que urge combater.

Por: Diogo Cabrita

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