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Anjinhos & Demónios

De acordo com a teoria Neo-Con de Carl Schmitt, temos que ter a imagem de um inimigo para ter uma sociedade. De facto, ao longo do tempo, a sociedade ocidental foi tendo inimigos mais ou menos fabulados. Depois dos Russos, são os terroristas da Al Qaeda e, agora, os do Estado Islâmico.

Um mundo em paz será sempre uma utopia, visto que isso significaria a estagnação de algumas economias, principalmente a dos EUA. O que é mais lucrativo para um país beligerante do que a destruição de uma nação e o financiamento da sua reconstrução? O Iraque, Afeganistão e Síria são apenas os casos mais recentes desta estratégia deliberada. No Iraque entraram à procura de armas de destruição maciça (inexistentes), depuseram um líder autocrático (mas que conseguia manter unidas as suas tribos), deitaram as unhas ao maior poço petrolífero do mundo (partilhado com a aliada Arábia Saudita), colocaram um novo líder fantoche e, agora, empresas construtoras americanas (Carlyle Group e Haliburton) estão a reconstruir o mesmo Iraque que ajudaram a destruir. Brilhante! Entretanto invadiram o Afeganistão à procura de terroristas e do líder da Al Qaeda, Bin Laden, o qual, aparentemente, esteve o tempo todo no Paquistão, cujos serviços secretos são amigos dos americanos. Contaram-nos a história de que o terão capturado e morto, e lhe terão feito um desonroso “enterro aéreo”, tendo-o atirado aos peixes, algures num oceano, para que este não tivesse romarias ao seu túmulo. E nem uma fotografia, nem uma. Fantástico!

Recuemos no tempo. Até antes de 11 de setembro de 2001. Quem eram os terroristas? Já existiriam, claro, mas não passariam de ratazanas pouco organizadas e localizadas. Perfeitamente controláveis. No dia 11 de setembro de 2001 aconteceram vários insólitos mas que viriam a mudar o nosso mundo: o colapso pelo fogo, em segundos, de três robustos edifícios (não esqueçamos o edifício 7 que não foi atingido por qualquer avião); a vaporização de um Boeing 747, num buraco de 5 metros de diâmetro, no Pentágono e a colisão de um avião com o solo sem que ficasse um corpo, uma sapatilha, uma carteira, um banco, um reator, para contar a história. Enfim, uma autêntica patranha que os submissos media nos contaram e que, ainda hoje, leva muita gente a acreditar que terá sido Bin Laden, numa caverna nas montanhas, sem um telemóvel sequer, que terá conseguido comandar o mais elaborado ataque contra a mais bem protegida nação do globo. Enfim… Mas o que aconteceu ao mundo depois disso? Tudo mudou. Após esse “ataque” de falsa bandeira, em nome de um mundo mais seguro, atacámos nações à “procura” dos alegados terroristas e de quem os preparou e financiou. Destruímo-las e, com essa destruição, cometemos crimes terríveis contra a humanidade, chacinando famílias inteiras ou humilhando-as, arrancando-as das suas camas, assassinando-lhes, sumariamente, ou enclausurando-lhes “ad eternum” os homens da família e filhos. Provocámos danos colaterais inadmissíveis, deixámos crianças e adultos sem nada a perder e, com esta atitude, criámos hordas que se prontificaram a juntar-se a uma organização asquerosa, reprovável, nojenta e desumana chamada Estado Islâmico (que a CIA ajudou a construir na Síria). Esta aproveitou os vazios de poder criados pelas “guerras preventivas”, e que agora temos que combater. O problema é que já tem uma escala que dificilmente nos levará alguma vez a vencê-los. E assim, nós, os anjinhos, vamos vendo o nosso mundo a degradar-se e continuaremos a morrer, em nome de uma guerra em que demónios se digladiam, uns em nome de Alá contra nós, os infiéis, e os outros em nome do dinheiro… digo, da caça aos terroristas islâmicos, agora também produzidos na Europa e USA.

Por: José Carlos Lopes

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