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Anéis de Saturno

Mitocôndrias e Quasares

Desde 2004 que a Cassini orbita em torno do sexto planeta do sistema solar – Saturno. Esta sonda espacial tem desempenhado a sua missão de uma forma excepcional uma vez que tem enviado para o nosso planeta imagens sensacionais de Saturno, dos seis anéis e das suas luas.

Como se estas imagens não fossem suficientes, de acordo com Carl Murray, membro da equipa de imagiologia responsável pela sonda, na Universidade de Queen Mary, estas observações permitem-nos compreender melhor a formação do sistema solar, uma vez que, tanto quanto se sabe, os anéis de Saturno são o que mais se aproximam ao disco de poeiras e detritos que, segundo as teorias actuais deram origem à Terra e a outros planetas há 4,55 mil milhões de anos. Mas como se formou o Sistema Solar?

De acordo com a teoria actualmente aceite, os sistemas solares formaram-se a partir de material interestelar que adquirem movimento de rotação antes de se iniciar o colapso da matéria em direcção à parte central. Na nossa galáxia, por exemplo, existem extensas regiões ocupadas por nuvens interestelares constituídas por gases e poeiras, onde permanentemente novas estrelas e, quase de certeza, outras sistemas solares. Deste modo, o Sol e as outras estrelas formaram-se a partir da matéria com constituição semelhante, sendo predominante o hidrogénio.

Enquanto se dá o colapso da parte interior da nuvem interestelar, as regiões exteriores tomam a forma de um disco, também, em rotação, sendo aqui a temperatura muito mais baixa do que nas proximidades do centro. Nesta fase pode já falar-se de uma nuvem protocolar, pois ela é o embrião de um sistema onde, na parte central, um sol está a nascer. Outros nódulos de matéria, já afastados do centro, vão-se também formando, muito provavelmente, por aumento progressivo das dimensões dos pequenos grãos de poeira da nuvem inicial, num processo de aglomeração devido às forças gravitacionais. A rotação da nuvem protossolar faz com que os materiais menos densos sejam atirados para a periferia onde facilmente congelam, devido às baixas temperaturas a que ficam sujeitos. Entretanto, a acumulação de material em torno dos referidos nódulos dá origem ao seu crescimento contínuo, até atingirem dimensões consideráveis. Nesta fase podem já ser considerados os embriões dos futuros planetas e são, por isso, chamados planetesimais. À medida que este processo continua, a existência de uma certa instabilidade, resultante das influências da gravidade, deve facilitar as colisões entre planetesimais e a fragmentação de muitos deles, enquanto outros se vão formando. Após este período turbulento vai-se estabelecendo uma certa harmonia, ficando bem definidos os locais em que cada planeta vai poder formar-se.

Com o envio destas imagens por parte da Cassini e a posterior análise dos dados, foi possível observar umas estruturas em forma de hélice, que correspondem aos rastos deixados pelas luas, invisíveis para nós, ao atravessarem os fragmentos de gelo que orbitam em torno de Saturno. Estes rastos helicoidais são importantes, segundo Murray, uma vez que estas foram as primeiras estruturas a aparecer no processo de formação dos planetas.

Para a ciência a formação da sistema solar é um processo ainda mal percebido, contudo é com estes saltos conceptuais que avançamos com novas ideias…

Por: António Costa

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