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Ana Manso suspende mandato por 180 dias

Número de vereadores a tempo inteiro e nomeações para empresas municipais dividiram PS e PSD na Câmara da Guarda

José Gomes substituiu Ana Manso na primeira reunião do novo executivo da Câmara da Guarda, realizada na passada quarta-feira. Cinco dias após tomar posse, a vereadora do PSD requereu a suspensão do mandato por 180 dias, alegando motivos profissionais e pessoais. Contudo, esta ausência acabou por passar quase despercebida por causa de uma proposta da maioria para haver três vereadores a tempo inteiro e das nomeações para as empresas municipais. Assuntos em que divergiram vencedores e vencidos.

A abrir, soube-se então que Ana Manso não vai assumir o cargo nos próximos tempos. «É uma pausa inteiramente justa», considera a própria, alegando ser «extremamente extenuante conciliar» o trabalho de vereadora com o de deputada nas várias comissões parlamentares que integra. A também líder distrital do PSD acha agora que tem «sacrificado» os amigos e a família nos últimos anos, pelo que «é altura de voltar a dedicar-lhes também algum tempo». Contudo, recusa falar num abandono definitivo do cargo. Com esta saída, Couto Paula assumiu funções ao lado de José Gomes, director de estradas de Coimbra, e do advogado João Bandurra. Aos jornalistas, o presidente Joaquim Valente comentou apenas que a oposição esteve «presente e foi atenta», enquanto José Gomes disse compreender a atitude de Ana Manso, admitindo que esta é também uma oportunidade para «permitir alguma renovação na sua postura de oposição». De resto, os social-democratas tiveram algum destaque. A começar pela matéria do terceiro vereador a tempo inteiro. A proposta veio da maioria, mas teve o voto contra do PSD. José Gomes alega que não se justificam tantos vereadores a tempo inteiro na Câmara quando o seu presidente assume «mais de metade das funções e do trabalho» do executivo, para além dos problemas financeiros do município.

«É preciso dar o exemplo de alguma contensão, tanto mais que são despesas de funcionamento e não de investimento», referiu o vereador. Uma atitude a seguir igualmente no caso das nomeações para os Conselhos de Administração (CA) das empresas municipais (EM). A oposição voltou a discordar da maioria nesta matéria e sugeriu mesmo a fusão de três delas numa só. «Para a política temos a Câmara, já as empresas têm que ser mais operacionais. Como tal, os CA devem ser separados do poder político e ter gestores profissionais a quem, em qualquer momento, se podem pedir responsabilidades e isto não tem qualquer acréscimo de custos porque têm directores-executivos», esclareceu Gomes. Apesar destas posições, ambos os assuntos foram aprovados por maioria, enquanto Joaquim Valente invocou o argumento dos novos gabinetes do presidente e dos vereadores socialistas terem recorrido à “prata da casa”. «Essa poupança já aconteceu», sustentou. No caso das EM foi Vergílio Bento, vice-presidente, quem se encarregou de arrumar o assunto ao dizer que os elementos dos CA «não são remunerados nem nunca o foram». Contudo, em caso de dúvidas, o presidente lembrou que os guardenses deram uma maioria «expressiva» ao PS, que por isso «não vai abdicar de governar».

Assim, Vítor Santos fica com os SMAS e Valente com tudo o resto. De resto, o presidente anunciou que está a ser estudada a abertura de um serviço de atendimento aos munícipes durante a hora de almoço e a criação de um gabinete para a análise prévia dos projectos. «Tudo farei, e responsabilizarei quem não for capaz de dar essa resposta dentro dos prazos razoáveis», avisa Joaquim Valente.

Luis Martins

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