O projecto de ampliação das pistas de esqui na Serra da Estrela, que prevê o aumento da área esquiável para mais 40 quilómetros, poderá estar comprometido nos próximos dois anos, quando o projecto já deveria estar a ser implementado. Pelo menos é esta a convicção de Artur Costa Pais, administrador da Turistrela, que acusa o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) de «limitar o desenvolvimento».
Na origem da polémica está o projecto de substituição dos cinco teleskis existentes nas 11 pistas da estância da Torre, para o qual o PNSE exige um estudo de impacte ambiental. «Isto não acontece em mais lado nenhum», acusa o empresário, que encara esta medida como um entrave ao desenvolvimento turístico. «Quero colocar os novos teleskis nos mesmos postes e cabos que os anteriores e, para isso, o PNSE exige um estudo que demorará cerca de um ano a estar concluído e para o qual não temos garantias de vir a ser aprovado», queixa-se, salientando que este atraso poderá colocar em causa a viabilidade da estância no futuro. Isto porque, para poder continuar a atrair turistas e competir com as estâncias espanholas, nomeadamente Béjar e na região de Madrid, que estão a expandir-se a grande ritmo, a Turistrela terá necessariamente que aumentar «quatro ou cinco vezes mais» os actuais 6.200 metros de pistas. Uma realidade que poderia começar a ser concretizada já este ano com a substituição dos teleskis, uma forma de resolver os problemas com as filas e os tempos de espera. É que estes novos equipamentos, para além de terem mais segurança, permitem um débito de cerca duas mil pessoas/hora ao invés das 300 transportadas pelos actuais, já com cerca de 30 anos.
«Com fundamentalistas destes no PNSE não sei se valerá a pena continuar a investir na Serra», lamenta Artur Costa Pais, temendo outros condicionalismos na altura em que apresentar o projecto de expansão para a zona de Alvoco da Serra e Loriga. «Se estamos com estas dificuldades apenas para substituir os teleskis, imagino o que acontecerá com a ampliação das pistas», supõe o administrador da Turistrela, para quem o projecto está «claramente comprometido» nos próximos anos. «Quando estivermos no processo de licenciamento, já os espanhóis estarão com quatro vezes mais área esquiável. E nessa altura não sei se ainda teremos esquiadores na Torre», avisa. Fernando Matos rejeitou as críticas feitas pela Turistrela, salientando que o PNSE apenas cumpriu a lei. «Esta não é uma exigência do PNSE, mas da lei do impacte ambiental. E tratando-se de uma obra, mesmo que seja a substituição dos teleskis, tem que se dar cumprimento ao diploma dos impactes ambientais», explica. O director do parque natural refere que as críticas «não têm fundamento», pois o PNSE não está a limitar o desenvolvimento da Turistrela: «Sempre colaborámos em tudo e apenas lhes pedimos o cumprimento da lei, tal como faríamos com qualquer outro promotor», garante. O projecto da Turistrela compreende não só o aumento do número de pistas na Torre, através do aproveitamento das áreas esquiáveis inutilizadas, mas também a criação de mais 18 pistas entre Alvoco da Serra e Loriga. Por outro lado, estão previstas três telecabinas para a ligação Torre-Piornos, Torre-Lagoa Comprida e Torre-Alvoco da Serra.
Pistas de esqui abrem amanhã
Há mais duas pistas e locais de venda de forfaits e aluguer de material na Torre
As pistas de esqui na estância da Serra da Estrela abrem amanhã para a nova época, que deverá terminar em Abril, caso as previsões meteorológicas o permitam. Este ano, os praticantes terão mais duas pistas à disposição – havia nove – devido ao aproveitamento da área junto à telecadeira. Para além disso, espera-se maior fluidez na aquisição dos forfaits e de aluguer de material, visto que haverá mais dois postos de aluguer de material e cinco de venda de forfaits. De salientar ainda que as camas existentes nos hotéis Serra da Estrela e Varanda dos Carqueijais, assim como os chalés, estão esgotadas desde o passado dia 20 de Novembro, apesar do aumento de 30 por cento nos preços, comparativamente ao ano passado. Para o Fim de Ano, os chalés custam 1.200 euros num pacote de três noites, enquanto nos hotéis o preço situa-se nos 900 euros por pessoa nas três noites.
Liliana Correia