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Álvaro Amaro diz que dívida global da Câmara da Guarda ainda não está «totalmente» apurada

Assembleia Municipal aprovou Orçamento de 38,4 milhões de euros para 2014 e, pela primeira vez, maioria e oposição convergiram ao reconhecerem que documentos previsionais são «realistas» e os possíveis face à situação financeira do município.

Nova Assembleia Municipal na Guarda, temas velhos. Foi assim a primeira sessão daquele órgão autárquico na passada segunda-feira, que aprovou, por maioria, o Plano e Orçamento para 2014 e moções sobre a abertura do novo bloco do Hospital Sousa Martins e a conclusão das obras no troço Guarda-Covilhã da linha ferroviária da Beira Baixa. Os deputados deram ainda luz verde à Câmara para denunciar o contrato de arrendamento e compra do edifício do “Bacalhau”, onde funciona a escola profissional Ensiguarda.

Assunto principal da agenda de trabalhos, o Orçamento de 38,4 milhões passou com os votos favoráveis da bancada do PSD e dos presidentes de Junta, enquanto o PS absteve-se. Contra só mesmo os eleitos da CDU e do BE, que, tal como as restantes bancadas, também reconheceram que os documentos previsionais para o ano que vem são «realistas» e os possíveis face à situação financeira do município. «É um orçamento de contenção, de rigor, tecnicamente adequado e socialmente justo», declarou Álvaro Amaro, que anunciou que doravante a Câmara vai começar a pagar uma vez por mês como forma de «controlar a despesa e ser mais eficiente em termos financeiros». O presidente recordou que «ninguém» está autorizado a assumir despesas sem o consentimento do vice-presidente e dele próprio e disse esperar que este novo modelo de gestão possa traduzir-se em poupança. Esta é, de resto, a palavra de ordem, para 2014, pois este orçamento é «para gerir a dívida do município», assumiu Álvaro Amaro, cujo objetivo é ter uma taxa de execução de «80 por cento» no final do próximo ano.

Aos deputados, o edil esclareceu que o montante da dívida do município – incluindo SMAS, Culturguarda e Guarda Cidade Desporto –, «ainda não totalmente apurado», é de 67,5 milhões de euros, aos quais acrescem mais de 3,2 milhões de euros de compromissos de dívida e de 4,8 milhões peticionados em ações judiciais contra a autarquia. O total perfaz ultrapassa os 75 milhões de euros, mas o presidente avisou que este valor vai aumentar pois só foram contabilizados créditos reclamados até 30 de setembro. Álvaro Amaro anunciou que está a negociar a primeira reestruturação da dívida com os bancos e que poderá haver outra reestruturação no segundo semestre, «altura em que estará em vigor o Fundo de Apoio Municipal (FAM), uma nova linha de crédito do Governo para as autarquias», disse. Paralelamente a esta tarefa, a segunda prioridade da maioria PSD/PSD-CDS-PP vai ser a contenção da despesa e o aumento das receitas graças a «reprogramações financeiras» e ao «reaproveitamento» de verbas dadas como perdidas nos vários programas comunitários.

Associações repartem 200 mil euros

Entre as novidades para 2014, Álvaro Amaro anunciou a criação de um regulamento para o apoio às coletividades do concelho, que no próximo ano vão repartir 200 mil euros. Em 2014 será também posta em prática a reforma do parque informático das escolas e implementado um programa de animação cultural dos bairros no Verão – cujos 180 mil euros foram «recuperados» do Programa de Regeneração Urbana da cidade. Na ação social será instituído o regulamento para a habitação social e feito o protocolo com as farmácias da cidade para custear os medicamentos dos utentes mais desfavorecidos. Nas obras, a Câmara vai instalar um relvado sintético no campo do Zambito e candidatar a primeira fase da requalificação do mercado municipal, que consiste em trazer todos os comerciantes para o primeiro piso e revitalizar espaço. O presidente anunciou ainda que espera ter concluído em março o estudo para reduzir o preço do metro quadrado dos lotes na PLIE. Quanto à sociedade gestora da plataforma logística, ela será dissolvida «ou declarada insolvente», afirmou, acrescentando que, em 2014, ali tenciona instalar o parque TIR.

Carlos Canhoto (CDU) foi o primeiro deputado a falar sobre o Orçamento, tendo considerado que tem «aspetos positivos», como a renegociação da dívida e os «valores realistas», mas «deixa sem resposta o apoio à economia local e a políticas ativas de emprego», assim como a despoluição do rio Noéme e a revisão do contrato com a Águas do Zêzere e Côa. Por sua vez, Bruno Andrade (BE) elencou uma série de dúvidas sobre os valores de algumas contas, como os aumentos dos custos com a eletricidade e o pessoal, entre outras. Armando Reis (PS) reconheceu que este é o orçamento «possível face à situação financeira» da Câmara e pediu uma discriminação da dívida. Já Pedro Nobre (PSD) elogiou os documentos previsionais, dizendo que contêm «números que entendo serem verdadeiros, realistas, e não há a engenharia financeira do passado». O social-democrata disse ainda que este é «o início da concretização das promessas eleitorais», caso do relvado sintético, do parque TIR na PLIE, da requalificação do mercado municipal e da Feira Ibérica de Turismo. «Espero uma taxa de execução muito superior aos 35 por cento a que estávamos habituados», concluiu.

Na resposta, Álvaro Amaro anunciou que espera fazer duas revisões orçamentais e chamou a atenção para duas rubricas que «amedrontam» e que os deputados não viram. «São outras receitas, na rubrica das receitas correntes, de 6,8 milhões, e 3,6 milhões de receitas de capital. Não sei como vamos obter estas receitas no primeiro semestre de 2014, o que sei é que correspondem ao valor mínimo da dívida que temos que gerir este ano», declarou.

Luis Martins Presidente conta ter um novo preço para o metro quadrado na PLIE em março

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