António Almeida Santos é «um dos príncipes da nossa democracia», considerou o primeiro-ministro na homenagem que a Assembleia Municipal da Guarda prestou, na passada sexta-feira, ao seu primeiro presidente, cujo nome designa agora a sala de sessões nos Paços do Concelho.
Numa cerimónia em que o ex-presidente da Assembleia da República deixou escapar algumas lágrimas, José Sócrates começou por confessar que «há muito tempo que queria fazer o elogio» de Almeida Santos e admitiu que teria «ficado ofendido» se não tivesse sido convidado para a iniciativa. Para o chefe do Governo, o também presidente do PS é um «grande orador, político e jurista» que dedicou «a sua vida à defesa dos valores mais altos da condição humana: a liberdade e a igualdade». No entanto, Sócrates elogiou também «o homem de bom coração, o companheiro e amigo, que tem sempre uma palavra de apreço nas horas mais difíceis». E Almeida Santos voltou a prová-lo, retribuindo os elogios: «José Sócrates é o melhor primeiro-ministro da área socialista que o país teve após o 25 de Abril. Ele só tem feito reformas, que têm sido desprezadas pela crítica», sublinhou, referindo-se às «grandes mudanças» introduzidas na saúde, nas novas tecnologias ou nas energias renováveis.
Já para o actual presidente da Assembleia Municipal, João de Almeida Santos, esta homenagem representa «o afecto por um homem que tem estado sempre do nosso lado», mas significa sobretudo «que quisemos tê-lo um pouco mais perto de nós», pois as instituições «precisam de ter nomes e rostos que lhes dêem vida e significado». Além desta cerimónia, a autarquia inaugurou a galeria dos presidente de Câmara e da Assembleia Municipal, onde figuram fotografias de todos os autarcas guardenses antes e pós 25 de Abril. «Era altura de tirar do esquecimento todos os nomes, sem discriminar épocas nem opções e independentemente da forma como chegaram ou como partiram», justificou Joaquim Valente. Para o presidente do município, trata-se de «um tributo a quem teve talento, vontade – ou talvez a ousadia e a coragem – para sonhar, realizar e servir», disse, acrescentanddo que «todos deram o melhor de si em prol do desenvolvimento da Guarda e do bem-estar» dos seus concidadãos.
Para o fim ficou a ameaça da introdução de portagens na A25 e A23. Segundo o autarca, a cobrança aos utilizadores nestas duas auto-estradas que se cruzam na Guarda vai comprometer a atracção de investimentos para o município, além de «contrariar o princípio da solidariedade nacional para com as regiões com baixos níveis de desenvolvimento». Nesse sentido, Joaquim Valente avisou que «algumas medidas que, eventualmente, sejam tomadas apenas na lógica da contenção imediata terão, a médio e longo prazo, um retorno contrário em termos de coesão e desenvolvimento social». Contudo, o primeiro-ministro nada declarou sobre este assunto.
Luis Martins 
