Apesar da extinção do Gabinete de Apoio Técnico (GAT) da Guarda já ter sido anunciada para o final deste ano, as autarquias de Almeida e do Sabugal estão descontentes com esta decisão e exigem a continuidade daquele organismo. Nesse sentido, ambos os municípios raianos preparam-se para aprovar duas moções nas próximas reuniões dos executivos que serão enviadas posteriormente, entre outras entidades, a Nunes Correia, ministro do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional.
Em Almeida, a proposta de moção vai ser apresentada na sessão de terça-feira, mas o edil já oficiou, no início desta semana, o seu descontentamento à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), da qual está dependente o GAT da capital de distrito. Baptista Ribeiro realça que este organismo tem prestado um serviço «relevante» à autarquia e que o seu encerramento será «mau e prejudicial», até porque é «mais uma perda de serviços para o interior do país», frisa. «Tenho a dizer publicamente que o GAT nos tem prestado um serviço importante e, por isso, esperemos que ele continue», sublinha. Exemplo desse trabalho são três obras que foram, ou estão a ser, «acompanhadas e fiscalizadas por técnicos do GAT» no município, o Pavilhão Multiusos de Vilar Formoso, o Bairro Social de Almeida e a estrada entre Freineda e Malhada Sorda. Acredita, por isso, que o encerramento anunciado é «motivo de preocupação» e defende, pelo contrário, a sua continuidade, bem como o aumento do número de funcionários: «Sabemos que tem vindo a perder técnicos e que outros GAT’s também estão para encerrar, mas gostaríamos que se mantivesse em actividade e que mais técnicos fossem contratados», reivindica.
Por outro lado, Baptista Ribeiro julga que outros municípios da região poderão ser favoráveis à continuidade do GAT, até porque acredita que os mesmos serviços prestados à autarquia de Almeida «também estarão a ser disponibilizados a outros concelhos». Um deles é o Sabugal, cuja Câmara também vai apresentar uma moção a favor da continuidade do GAT na próxima reunião do executivo, agendada para segunda-feira. O autarca Manuel Rito realçou que o GAT vai «fazer falta para o apoio às Câmaras», mas recusou mais comentários porque a proposta ainda não foi aprovada pelo executivo. Ao que “O Interior” conseguiu apurar, o município de Celorico da Beira poderá ser outro a discordar do encerramento do GAT, mas, apesar das várias tentativas, não foi possível confirmar esta versão com o autarca José Monteiro. No distrito, para além do da Guarda, está previsto o encerramento dos GAT’s de Seia e Trancoso, numa decisão relacionada com a pretensão do Governo de reduzir o número de organismos da administração central até ao final do ano. De resto, a Câmara da Guarda até já tem planos para as actuais instalações do GAT, localizadas no Largo de São Vicente, no centro histórico, revelou recentemente a “O Interior” Joaquim Valente. O conhecido edifício do Condão deverá ser aproveitado para receber um equipamento museológico, falando-se mesmo num Centro de Interpretação da Judiaria Medieval, mas nada está definido.
Os GAT’s foram criados para dar, com um carácter de grande proximidade, apoio de natureza técnica aos municípios de cada zona do distrito. Destinavam-se, fundamentalmente, à concepção e lançamento de concursos, de projectos de engenharia e arquitectura de equipamentos e infraestruturas locais, nos domínios das acessibilidades, saneamento básico, equipamentos de utilização colectiva, arranjos urbanísticos e ordenamento industrial.
Ricardo Cordeiro