Décadas de experiência, e um cada vez maior número de vegetarianos em todo o mundo, pretendem demonstrar que o regime vegetariano é saudável e apropriado para todas as idades. Na crónica de hoje iremos debruçar-nos sobre este regime alimentar.
Vegetariano é alguém que se alimenta basicamente de grãos, sementes, vegetais, cereais e frutas, e que excluem o consumo de todas as espécies de carnes e peixes, podendo, no entanto, consumir ou não lacticínios e ovos. Tendo em consideração as diversas alternativas alimentares dentro destas possibilidades, assim, os vegetarianos podem ser classificados de
– Ovo-lacto-vegetarianos, se consomem lacticínios e ovos;
– Lacto-vegetarianos, se consomem lacticínios mas não consomem ovos;
– Ovo-vegetarianos, se consomem ovos mas não consomem lacticínios;
-Veganos, veganistas, ou “estritamente vegetarianos”, se não consomem produtos de origem animal;
– Frutívoros, se apenas consomem frutas, grãos e sementes;
– Crudívoros, se consomem única e exclusivamente alimentos crus, podendo ou não este regime incluir leite.
Os adeptos deste tipo de alimentação são habitualmente pessoas preocupadas com questões ecológicas e são, por vezes, seguidores de crenças religiosas ou filosóficas. Num ou noutro caso estão convictos que esta é uma opção alimentar mais saudável.
A total exclusão de alimentos de origem animal da dieta obriga a cuidados específicos de modo a encontrar um equilíbrio nutricional, superando os défices diários em proteínas, algumas vitaminas e minerais, necessários para um bom funcionamento do organismo.
Desta forma, estes indivíduos beneficiarão com um aconselhamento nutricional cuidado e individualizado. Levantaremos um pouco o véu relativamente às alternativas nutricionais possíveis num regime alimentar vegetariano.
Ao contrário do que muitos pensam, é possível, na alimentação vegetariana, ingerir os aminoácidos essenciais, devendo para isso combinar-se a ingestão de cereais, sementes, frutas, legumes e leguminosas, recorrendo à soja e seus derivados. Esta é uma excelente fonte de proteína vegetal, sendo demonstrado em diversos estudos que a proteína da soja é nutricionalmente equivalente à proteína animal.
Os seguidores dos regimes ovo-lacto-vegetarianos e dos lacto-vegetarianos, são capazes de atingir facilmente as necessidades de vitaminas e minerais para um bom funcionamento do organismo. Já os veganos, mesmo variando ao máximo a sua alimentação, têm frequentemente défices em cálcio, ferro e vitamina B12, devendo realizar suplementação destes nutrientes. O tofu, as folhas verde escuras dos legumes, as sementes, os cereais enriquecidos e os grãos integrais são ricos em cálcio, zinco, riboflavina e outras vitaminas do complexo B. Já os lacticínios e a gema de ovo fornecem vitamina B12.
Dificilmente nestes regimes alimentares se atingem as necessidades nutricionais diárias de ferro, e isto porque o ferro presente nos vegetais é de mais difícil absorção comparativamente com o que se encontra nas carnes, peixes e aves. Esta dificuldade pode, no entanto, ser minorada com a inclusão de alimentos ricos em vitamina C, como os sumos de laranja e limão.
Não havendo evidências científicas da maior sobrevida dos vegetarianos em relação aos seguidores de outros regimes alimentares, há no entanto certezas de que estes indivíduos desfrutam de alguns benefícios dos quais destacamos uma menor prevalência de obesidade e dislipidémia, diminuindo o seu risco cardiovascular global, querendo isto dizer que diminuem algumas das causas determinantes de doença cardiocerebrovascular – Enfarte de Miocárdio e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), patologias que estão na primeira linha das principais causas de morte em todo o mundo.
Por: Inês Campos