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Algumas coisas do dia a dia

Mitocôndrias e Quasares

Hoje vamos continuar a nossa viagem pela compreensão de temas do dia a dia, que estão por detrás de algumas ideias que marcam a época em que vivemos

Por exemplo, será que quando falamos em energia das marés, sabemos o que é a maré? Será que quando falamos nos perigos da elevada exposição ao Sol, sabemos o que é a luz solar?

Em qualquer instante, a face da Terra voltada para a Lua está a cerca de 7% mais próxima desta do que a face oposta. O que significa que a primeira sofre uma atração de tipo gravítico da Lua algo mais intensa do que a outra. A Terra é assim ligeiramente esticada segundo uma linha que liga o seu centro ao da Lua, e de cada lado surgem umas bossas.

Essas bossas não são muito significativas na superfície sólida da Terra, mas são-no na água dos seus oceanos, que têm um menor grau de coesão e por isso apresentam bossas muito mais significativas. Existem, por conseguinte, duas bossas de água de mar, uma na direção da Lua e outra na direção oposta. À medida que a Terra roda, cada porção de terra firme desloca-se em direção à bossa de mar e depois afasta-se dela.

Visto da terra, temos a impressão de que o nível do oceano sobe até atingir um máximo – a preia-mar – e que depois recua até alcançar um mínimo – a baixa-mar. Este fenómeno ocorre duas vezes por dia. Na verdade, uma vez que a Lua se desloca na sua órbita entre uma preia-mar e a seguinte, um determinado local da superfície da Terra situado junto à costa terá uma preia-mar cada 12,5h.

Se as coisas fossem assim tão simples, os homens teriam relacionado as marés com a Lua desde os tempos mais remotos. Contudo, existem complicações neste mecanismo. O Sol também provoca marés, embora estas tenham magnitudes que não ultrapassam um terço dos valores das marés de origem lunar. Quando o Sol e a Lua estão alinhados, por ocasião da lua cheia e da lua nova, as marés sobem e descem mais do que o habitual. Quando o Sol e a Lua exercem os seus efeitos perpendicularmente um ao outro, as marés são menos vigorosas do que o costume. Depois, para complicar ainda mais a questão, a previsão da hora a que chegam as marés e a altura que vão atingir, depende em grande medida do recorte da linha de costa.

Quanto ao Sol, é de realçar que quase tudo aquilo que sabemos acerca deste astro, se deve à luz que recebemos dele. Deste modo, podemos extrair diversas informações através dessa luz. Em primeiro lugar, a luz solar parece simplesmente branca, luz natural, ao contrário da luz emitida pelas chamas da madeira a arder e por outros combustíveis, luz artificial. A cor das chamas tendem a ser vermelhas, alaranjadas e amarelas. É de salientar que é possível dar cor ao Sol, fazendo-a passar através de vidros coloridos, por exemplo vidros fumados. O resultado é magnifico, mas ficamos com a impressão de que a cor resultou da adição à luz branca de impurezas existentes em materiais artificiais. Até mesmo a luz rosada da alvorada e do crepúsculo parecer ser o resultado da passagem da luz solar através das poeiras suspensas no ar.

Em 1665, Isaac Newton resolveu investigar a natureza da luz solar. Newton permitiu que um raio de luz penetrasse num quarto às escuras através de um orifício feito numa cortina e atravessasse em seguida uma peça triangular de vidro denominada prisma. Ao atravessar o prisma, a luz alterava a trajetória. No entanto, essa alteração não era igual. Algumas partes sofriam um desvio maior do trajeto inicial do que outras, e a luz incidia sobre a parede branca do outro lado do prisma que apresentava um aspeto semelhante ao de um arco-íris. Tratava-se de uma banda colorida que começava no vermelho, a que se seguiam o laranja, amarelo, verde, azul e, finalmente, o violeta. As cores no interior dessa banda transformavam-se gradualmente e fundiam-se umas nas outras. O aspeto e a sequência das cores eram precisamente aqueles que se observavam num arco-íris.

Uma vez que esta banda colorida constituía um fenómeno imaterial, isto é, a que não corresponde qualquer massa, Newton resolveu chamar-lhe espectro de luz (espectro vem da palavra latina spectrum, que significa fantasma). Por fim, podemos afirmar que o arco-íris é, portanto, um espectro natural obtido pela passagem da luz solar através das pequenas gotículas de água que permanecem suspensas na atmosfera depois de uma chuvada.

Por: António Costa

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