Arquivo

Alfred Russell Wallace

Mitocôndrias e Quasares

Embora muitos utilizem o termo “neodarwinismo” para se referirem à teoria da evolução moderna, a verdade é que na sua origem histórica o termo refere-se aos valiosos contributos de August Weisman e Alfred Russell Wallace para as hipóteses darwinianas.

Essencialmente, o neodarwinismo refere a combinação da ideia de seleção natural, como mecanismo evolutivo, com o veículo de tal mecanismo: os genes.

Depois da publicação da obra fundamental de Charles Darwin, Origem das Espécies, o debate referente à evolução dividiu-se em dois caminhos: por um lado, aqueles que defendiam a ideia de seleção natural como mecanismo de exclusão nos processo evolutivo e, por outro lado, os que defendiam a proposta de Lamarck da hereditariedade dos carateres adquiridos.

Enquanto o próprio Darwin oscilava entre uma e outra proposta, pois acreditava que a sua teoria não era compatível com a tese de Lamarck, no fim do século XIX o biólogo nascido no Canadá, George John Romanes (1848-1894), introduziu o termo “neodarwinismo” para se referir estritamente aos que apoiavam a ideia da seleção natural. Enquanto que o termo darwinismo era comum no fim do século XIX, o “neodarwinismo” utilizou-se pela primeira vez graças à iniciativa de Romanes. Darwin conheceu pessoalmente Romanes, e admirou as suas ideias a partir de um artigo que ele publicou na revista Nature sobre as causas da coloração da solha, por volta de 1873.

O termo “neodarwinismo” não foi muito popular na comunidade científica até às primeiras décadas do século XX, tendo-se tornado mais utilizado a partir do desenvolvimento da síntese evolutiva moderna.

Os trabalhos de Alfred Russell Wallace (1823-1913) e August Weisman (1834-19149) contribuíram para o desenvolvimento da biologia moderna. Wallace é considerado co-descobridor da teoria da seleção natural, e a Weismann atribui-se-lhe o facto de ter removido de cena a tese da hereditariedade dos caracteres adquiridos, de Lamarck.

Durante o longo intervalo de tempo que passou a conceber e a dar forma à sua teoria da seleção natural que Darwin tomou conhecimento da existência de Wallace e do seu trabalho de campo, chegando até a ocorrer uma troca de correspondência entre os dois colegas. Em 1858, Wallace enviou a Darwin o seu ensaio intitulado Sobre a Tendência das Variedades se Afastarem Indefinidamente do Tipo Original, que Darwin reparou nas semelhanças dos seus estudos. Basicamente, ambos os naturalistas acreditavam que se um animal tivesse algum fator que o fizesse destacar dos outros ou reproduzir-se com mais sucesso, deixaria mais descendência do que aquele que o não tinha.

De qualquer maneira, embora num primeiro momento Darwin ficasse admirado com as semelhanças, a necessária explicação posterior pôs em evidência as diferenças entre ambas as propostas. Enquanto Wallace defendia que a seleção se fazia sobre grupos ou espécies, Darwin acreditava que se fazia sobre indivíduos, porque era precisamente isso que determinava a competição entre indivíduos de um mesmo grupo. Nisto radica a segunda grande diferença: Darwin acreditava que a força motriz da seleção natural era a concorrência, enquanto Wallace apontava para as exigências do meio ambiente.

Apesar desta divergência com Darwin, Wallace foi até ao fim dos seus dias um defensor acérrimo da seleção natural. Com a publicação de uma das suas obras mais importantes, Darwinismo, de 1889, consagrou-se como o principal divulgador da ideia.

Alfred Russell Wallace

Sobre o autor

Leave a Reply