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Aldeia de montanha projectada para as Penhas Douradas

Câmara de Manteigas abriu concurso para a elaboração do Plano de Pormenor de uma área com 130 hectares a 1.475 metros de altitude

A ligação entre Manteigas e as Penhas Douradas por funicular ou tele-transporte é uma das ideias a implementar num projecto de requalificação daquela zona, situada a 1.475 metros de altitude. Na última reunião do executivo, a autarquia serrana aprovou, por unanimidade, a abertura do concurso limitado, sem apresentação de candidaturas, para a elaboração do Plano de Pormenor das Penhas Douradas, que deverá ser transformada numa estância de montanha única.

«As Penhas Douradas são a “pérola da Serra da Estrela” e a única aldeia de montanha que existe, na medida em que as Penhas da Saúde está descaracterizada devido à quantidade de construções ali existentes», garante José Manuel Biscaia. O presidente da Câmara de Manteigas espera poder potenciar para o turismo uma área de 130 hectares, salvaguardando sempre o valor ambiental, hidrológico e paisagístico, em causa. Nesse sentido, a intervenção deve apresentar soluções que «acautelem a interferência das futuras edificações na envolvente, além de preconizar a utilização de energias sustentáveis e métodos inovadores para o tratamento de resíduos sólidos e efluentes», refere o documento preliminar aprovado pelo executivo. Por outro lado, para evitar uma massificação nefasta, está prevista a introdução de medidas de racionalização do recurso ao transporte privado e o incentivo à utilização dos transportes colectivos. Concretamente, para as Penhas Douradas, o projecto prevê uma zona de restauração e hotelaria de «alta qualidade», ressalva o autarca, mas também uma área habitacional e de um equipamento que possibilite o aproveitamento da lagoa do Vale do Rossim.

O município pretende ainda instalar espaços museológicos relacionados com as actividades de montanha, o eco-turismo e os desportos de Inverno, preconizando igualmente a adaptação do centro de meteorologia para um equipamento multiusos que possa servir também como planetário. Outra proposta sublinhada no estudo preliminar é a criação de um centro de treinos e competição de alto rendimento, mas a mais feérica consiste na reconstrução e adaptação de uma edificação destinada ao “Pai Natal” e um espaço dos sentidos, uma espécie de «floresta encantada», lê-se no documento. Este projecto resulta das sugestões apresentadas por seis trabalhos apresentados a um concurso de ideias promovido, há três meses, pela autarquia manteiguense. Contudo, a sua viabilidade depende da instalação de meios mecânicos de acesso e da requalificação das acessibilidades rodoviárias, nomeadamente da EN 232, da EN 338 e da futura “Estrada Verde”, que ligará à Guarda. «A redefinição da estrutura viária e a resolução da ligação a Manteigas (possível solução através de transporte por funicular ou tele-transporte) acarretam benefícios para a vila e impactos que ultrapassam a escala local», defende o estudo.

O investimento, ainda não contabilizado, deverá envolver privados e fundos comunitários. «Se ninguém nos atraiçoar em termos do procedimento, será possível candidatar o projecto ao respectivo financiamento no próximo ano», espera José Manuel Biscaia. As Penhas Douradas são a primeira estância de montanha em Portugal. Esta pequena localidade nasceu no início do século passado com a construção de um conjunto de “chalets”, únicos exemplares da arquitectura de montanha no nosso país, características que mantém praticamente inalteradas.

Luis Martins

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