Arquivo

Alcóol, jogo e tabaco

Tudo está no começar. Depois é sempre a aviar!… até que um dia é possível parar! Não falo de cor. Trata-se da minha vida e de outras vidas que conheço bem. (…) Atrevo-me a dizer que todos os dependentes terão as suas razões – e razões válidas – para em certo dia terem principiado.

Não interessa relatar o que me tornou alcoólico ou viciado no jogo ou ainda de tabaco. Interessará, por ventura, saber as consequências que senti na pele. Por via do álcool sofri graves perturbações psíquicas e físicas, vi a minha actividade profissional – fui professor do Ensino Preparatório – muito periclitante e durante muitos anos fui incapaz de ser um bom marido e um pai atento. (…)

Aqui há tempos, escrevi um artigo em “A Comarca de Arganil”, relatando a minha passagem (cerca de um mês) pela jogatina do Casino da Figueira da Foz. Já lá vão trinta anos e foi uma vivência muito dolorosa.

Não vou recontar o que então escrevi na “Comarca”, mas apenas dizer como rematei esse artigo. Foi deste jeito: «Eu que já andei pelos trilhos do alcoolismo, se não tivesse alternativa entre o jogo e o álcool, a minha opção seria esta: antes alcoólico toda a vida que jogador num só dia»! (…)

O tabaco, todos o sabemos, prejudica muito a saúde dos fumadores e a dos que os rodeiam. É verdade. Mas serão inteligentes as campanhas do PAPÃO-MATA, oriundas dos americanos via Bruxelas? (…)

Com o tabaco também se pode parar! Conheço muitas pessoas que conseguiram. Por mim, já fiz significativos progressos. Desde os meus 20 anos (estou agora com 60) já experimentei de tudo e em quantidades: cigarros, cigarrilhas, charutos e cachimbo. Com o avançar da idade, fui reduzindo. Hoje contento-me, de quando em vez, com uma cachimbada.

Como é possível vencer todos estes males e passar a ter inigualável prazer em viver?

1 – Recorrendo aos Serviços de Saúde. Em 1967 fui, pela primeira vez, aos HUC (Hospitais da Universidade de Coimbra). Ainda hoje são médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde dos HUC que me dão apoio generoso e incondicional.

2 – Recorrendo ao apoio familiar. No meu caso nunca foi preciso solicitá-lo, pois até quando eu não imaginava, esse apoio esteve sempre presente.

3 – Auto-ajuda. Importantíssima. Não esperemos que os outros façam tudo por nós. Tem de ser cada um, reflectindo, a ir vendo como quer ser e estar. Depois acção. Realizarmos as coisas que nos dão mais prazer na vida e – aí é preciso mais vontade – realizar também as que não nos dão tanto prazer, mas que tivermos como necessárias à vida.

A mim, vai-me dando imenso prazer em rabiscar umas coisitas…

J. M. Marques Crespo de Carvalho, Coimbra

Sobre o autor

Leave a Reply