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Albert Einstein

Mitocôndrias e Quasares

A publicação do artigo “Observation of Gravitational Waves from a Binary Black Hole Merger”, na “Physical Review Letter”, no passado dia 12 de fevereiro é por muitos considerado o artigo mais importante da década.

Esta publicação apresenta os resultados da experiência Advanced LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory), onde, pela primeira vez, foram observadas ondas gravitacionais. O impacto criado na comunidade científica resulta do facto de se terem observado deformações no espaço-tempo, que se propagam à velocidade da luz, deformações estas que constituem a última grande previsão da Teoria da Relatividade Geral, de Einstein, ainda não verificada. A deteção destas ondas gravitacionais é importante, na medida em que abre uma janela para o estudo de um Universo até agora largamente desconhecido, de fenómenos extremos como colisões de estrelas de neutrões, de buracos negros e o colapso gravitacional de estrelas maciças.

Foquemo-nos no homem e deixemos de lado, para já, a teoria onde as ondas gravitacionais surgem. A celebridade alcançada por Albert Einstein excede os âmbitos puramente científicos e isto deve-se não apenas ao alcance das suas teorias, que puseram em causa ideias que existiam até então sobre princípios tão básicos como o tempo, o espaço, a matéria ou a energia, mas também ao carisma da sua personalidade e a sua constante preocupação com paz, liberdade e justiça.

Sabe-se que era uma criança tímida e reservada, que nos primeiros anos teve dificuldades na linguagem e era lento para aprender. Um apaixonado por equações, física e matemática que, contudo, não demonstrava interesse por outras disciplinas, e que acabou por abandonar os estudos para percorrer o mundo e completar a sua formação de maneira didática.

Nascido em Ulm (Alemanha), filho de pais judeus, renunciou à nacionalidade alemã em 1896, tornando-se apátrida, até que em 1901 obteve a cidadania suíça. Comprometido na luta pela melhoria da situação do povo judeu na Alemanha, em 1921 fez uma viagem para os Estados Unidos na companhia do químico Chaim Weizmann, que seria o primeiro presidente do Estado de Israel e após a sua morte seria oferecida a Einstein a sua sucessão no cargo, que recusou.

Em 1905, o jovem Einstein publicou na revista “Annalen der Phisik” três trabalhos que alteram os pilares da física: “Sobre um ponto de vista heurístico relativo à produção e transformação da luz”; “Sobre o movimento requerido pela teoria cinético-molecular do calor para partículas pequenas suspensas em fluidos estacionários”, e “Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento”, onde criava a teoria da relatividade restrita e apresentava como corolário da mesma a célebre fórmula E = mc2.

A partir de 1911 dedicou os seus esforços à procura de uma teoria da interação gravitacional que se adequasse aos requisitos da relatividade restrita, chegando a formular, no final de 1915, uma nova teoria, cujo quadro geométrico (o espaço-tempo) dependia do conteúdo de energia e matéria do sistema que descrevia, o qual exigia a utilização da geometria riemanniana em vez da euclidiana.

Posteriormente dedicou os seus esforços à teoria do campo unificado, com que pretendia encontrar um quadro geométrico comum para as duas interações conhecidas então: a eletromagnética e a gravitacional.

A confirmar-se a deteção das ondas gravitacionais não deixa de ser curioso que estes resultados tenham surgido 100 anos após a apresentação da Relatividade Geral.

P.S.: Sugestão de leitura – “Einstein a sua vida e Universo”, de Walter Isaacson (2008), editado pela Casa das Letras

Por: António Costa

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