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Ainda os Resultados Eleitorais…

Crónica Política

Não obstante todas as razões de ordem social, económica e de postura política – principalmente veiculados pelos cidadãos – não contava tão excitante descida do PS nas últimas eleições europeias.

Fazendo agora o paralelo com 2004 até que se poderia antever esse resultado; o tal cartão amarelo ou avermelhado aos governos que o eleitorado voltou a renovar aproveitando também para reafirmar a sua suposta distância do projecto europeu – veja-se o número de deputados euro – cépticos eleitos! – que é ambicionado e copiado noutras paragens no mundo mas, em casa, parece continuar distante das preocupações dos cidadãos.

No entanto o projecto vai marchando e a dificuldade ou mesmo impossibilidade dos EUA manterem a liderança mundial de outrora obrigará a Europa a repensar-se e seguramente a aprofundar o seu papel no mundo se não queremos – aqui nos toca a cada um de nós – ser os “sopeiros” de outras paragens do mundo cada vez mais emergentes mau grado perceber-se a dimensão das injustiças sociais aí reinantes.

Os do costume já ancoraram na abstenção a razão principal para o descalabro socialista.

Antes, em 2004, a abstenção serviu para em 2005 o PS obter a sua primeira maioria absoluta.

Verdadeiramente apenas houve uma diferença de 2%, isto é, em 2004 a abstenção foi de 61% e agora 63% !!

Noutros países europeus os governos sofreram a erosão dos que estão no poder na Península Ibérica. Aliás houve em muitos países vitórias dos partidos do governo…

Por estes dois argumentos não conseguem os que sistematicamente defendem as “manjedouras douradas” justificar o que se passou nas eleições europeias.

Arrisco antes que realmente os portugueses deram bem conta de que não estão a gostar nada do rumo cinzento imprimido pelo PS e pelo seu Secretário – Geral à governação lusa e, muito mais, porventura a razão principal, o modo imperial e bonapartista com que se exerce o poder e se faz a triste campanha eleitoral.

Como é possível ter um cabeça de lista que se revelou tão pobre de argumentos, tão triste nas saídas e mais deprimente ainda na acção política? Ou será que falou alto o que muitos carregados socialistas ousam apenas baixinho por questões estratégicas?

Obrigatoriamente o seu lugar, onde pelos vistos aparece pouco, é a cátedra pois a sua postura pública, com esta campanha eleitoral, sofreu um rombo que se espalha por mais um claro sentido de indiferença perante as eventuais e supostas elites culturais que se gostaria de ver por aqui… quanta “compressão” os portugueses sofrem com tantos dislates eleitorais.

Por cá também houve uns “arautos de outras políticas” que querem marcar presença e que nadam, nadam, nadam mas poucos apetites despertam nos pescadores que se divertem hilariantemente com a comédia guardense.

Marcam-se n e n cerimónias disto e daquilo, fazem-se monumentais primeiras páginas e tudo parece rolar em 4 meses quando durante 4 anos antes se propagandeou dificuldades, assacaram-se responsabilidades ao governo anterior e agora eis que, querem ver o céu virou rosa!

Ficamos incrédulos, até eu o confesso, qual a necessidade de se pagar a democracia autárquica durante três anos e meio para só se apresentar intenção de obra ou mais algumas rotundas nos últimos 4 meses?

Os resultados eleitorais na cidade e no nosso concelho pela clareza que evidenciam denotam por maioria de razão o cansaço e a desesperança que os socialistas reinantes continuam a promover nos cidadãos. Seguiu-se aqui o panorama nacional.

A surpresa maior é não se ter resumido à malha urbana mas sim a todo o concelho. Aqui reside a mais prometedora novidade que pode ou não originar e “alavancar” uma efectiva mudança no colorido partidário que nos tem governado o município.

O PS assistiu a uma vertiginosa queda o PSD consolida, fixa o seu eleitorado e os outros partidos conseguem resultados além das suas próprias expectativas com aspirações a alterar também a sua representatividade autárquica.

Não é justo inferir qualquer transparência directa destes resultados com os próximos actos eleitorais mas é acima de tudo um bom estímulo para todos os cidadãos militantes, simpatizantes e que gostem da Guarda não recearem sair da casa e, mais ainda, participarem activamente nas propostas para um novo modelo de governação local e nas listas para os diversos órgãos autárquicos.

É neste contexto de desafio, de ousar pelo nosso futuro colectivo que os resultados eleitorais devem servir.

Pugnar firmemente contra a gestão das dívidas e do calendário eleitoral em função do mesquinho interesse da claque reinante.

O PSD deu dois bons exemplos de abertura à sociedade civil optou por dois cidadãos independentes à liderança do município e na lista ao Parlamento Europeu.

Não o fez por oposição à militância que muito me honro em possuir mas antes por entender a urgência do simbolismo dos votos brancos e nulos – 150.000 no último acto eleitoral é como se no nosso distrito ninguém tivesse ido às urnas – e de um certo alheamento cívico que é notório e que justificam essa preocupação na provocação recíproca à sociedade – que no seu todo deve questionar-se o querer do seu regime político – mas também aos próprios militantes com o intuito de ultrapassar muitos receios de participação mais activa e necessária.

É este o apelo que revejo no resultado na jornada eleitoral do passado dia 07.

Permitam-me uma última palavra para a líder do meu partido que na solidão da sua liderança consiga criar e granjear uma expectativa ainda mais positiva na sociedade portuguesa porquanto a sua palavra mágica – Verdade – é a que mais malbaratada tem sido neste último mandato governativo.

Por: João Prata

* Presidente da Concelhia da Guarda do PSD

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