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Ainda há pastores e moram no 33

O atelier guardense é, por estes dias, “abrigo” de fotografias e instalações relacionadas com a pastorícia

«Os novos não querem e os velhos não duram para sempre». O documentário “Ainda há pastores?” foi exibido na sala cine do atelier 33 no último sábado, na Guarda, na abertura da exposição de abril. “A lenda da Serra da Estrela” (Aquilo Teatro), as fotografias de Rui Campos e as instalações de HB foram outros atrativos.

“A pastorícia contemporânea ou uma nova urbanidade do rural” é o desafio que junta o 33, a Loja da Guarda, o fotógrafo Rui Campos, o Aquilo Teatro e os Têxteis Evaristo Sampaio. É de um sonho comum que surge a vontade de recordar a solidão dos pastores, bem como as suas influências na identidade da região. «Além de prestar uma homenagem, quisemos mostrar uma vertente diferente com teatro, fotografia, vídeo e arte», disse Hugo Branco a O INTERIOR. O responsável pela comunicação e relações públicas do 33 salienta que «a nossa geração está a ir para o campo novamente, depende de nós continuar essa prática e não a deixar morrer».

Todos podem participar nesta proposta que quer sair do atelier: «Se se justificar vamos fazer uma exposição itinerante. Temos pedidos para ir a Foz Côa e Aveiro», adianta. Esta é uma “porta” para o 33, pois «mostra o nosso trabalho, o que aqui se passa», sublinha o criativo, que coordena o espaço com Bruno Miguel e Daniel Andrade. Já Carla Madeira, sócia-gerente da Loja da Guarda, destaca o objetivo de «impulsionar o que temos no nosso ADN, como a pastorícia e a indústria e, a partir daí, criar novos produtos». A promotora considera a exposição como uma “janela” para «uma região que quer mostrar ao resto do país o que tem de melhor».

Também Rui Campos, autor das exposições “O peso da tradição”, “O nosso ADN”, “Urbanidade” e “Aqui há pastores”, patentes no 33, diz que o projeto «não está terminado». Isto porque os visitantes podem deixar sugestões de produtos típicos ou outros que poderão «ser usados para promover a região», reitera Rui Campos. A inspiração chegou-lhe com o gosto pelo registo, aliado às «expressões ilimitáveis» que a objetiva recolhe. O intuito é perpetuar as fotografias como testemunho: «O meu avô deixou um espólio grande e, se calhar, sinto essa responsabilidade», afirma. Por sua vez, Bruno Miguel, responsável por design, pintura e escultura, justifica a adesão dos guardenses ao 33 com o facto do atelier proporcionar «novos projetos e desafios», já que, «supostamente, a cidade não oferece o que deveria a nível da cultura». O criativo realça a aposta – para breve – nos workshops para o público em geral. «Vamos tentar fazer espetáculos ao ar livre porque a “casa” precisa de ser alargada», assume Bruno Miguel.

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Sara Quelhas As fotografias de Rui Campos são um dos destaques no 33

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