(…) O Ministério da Educação continua a viver no mundo do “faz de conta”… Inauguram-se escolas (logo assim de enxurrada, e num só dia, são mais de 90…). Primeiro-ministro, ministros e secretários dividem-se pelo país para mostrar que a Educação é um pilar importante nesta governação! (…)
Que tristeza! Só as aparências interessam… então, e os alunos? O seu bem-estar (vejam que há escolas sem aquecimento), a sua aprendizagem? Isso pouco importa! E os professores? Tão maltratados que têm sido ao longo destes anos!
(…) Estamos neste momento a braços com a avaliação de desempenho, apesar de estarmos “congelados”… Parece-me que professores, relatores, coordenadores, directores… andam um pouco à deriva sem saberem muito bem o que daí advém. Uma certeza têm… que o modelo vai ser difícil de aplicar, injusto e os efeitos dificilmente se produzirão, pois não há progressões.
Mas então, para quê realizar-se esta avaliação de desempenho que todos já concluíram que não é coerente? (…) Este modelo de avaliação é feito pelos pares. Avaliados e avaliadores concorrem às mesmas quotas, sem que estejam garantidos os princípios da isenção e de ausência de conflito de interesses. Como pode contribuir para a melhoria da função docente? Como se avalia, valorizando e distinguindo o mérito, quando é o relator um parceiro do colega a avaliar, concorrendo com ele por meio de quotas? (…) Não restam dúvidas que o actual modelo de avaliação é injusto, confuso e não exequível. Deveria contribuir para melhorar a prática pedagógica, valorizar o trabalho e a profissão, promover o trabalho de colaboração, mas apenas fomenta conflitos e, em virtude da inexequibilidade, tem implicações negativas na prática pedagógica e na qualidade da escola pública.
Concluo, assim, que o único objectivo facilmente alcançável com este modelo de avaliação é a introdução de quotas para efeitos de progressão na carreira docente penalizando, cada vez mais, os docentes! Mas não é isto mesmo o que eles querem!?
Maria José, carta recebida por email