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Aguiar, Figueira e Mêda contra fecho do SAP

Intenção do Ministério da Saúde com mais adversários no distrito da Guarda

A contestação ao eventual encerramento das urgências nos Centros de Saúde com menos de 10 utentes por noite ganhou esta semana mais adeptos no distrito da Guarda. As Câmaras de Aguiar da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo e Mêda juntaram a sua voz à oposição já manifestada pelos municípios de Celorico da Beira e Pinhel. «Consternação» e «repúdio» pela intenção do Ministério da Saúde são as palavras de ordem mais ouvidas contra uma medida que, a ser concretizada, «agride e lesa» os direitos de quem escolheu um concelho do interior para residir.

Os termos constam de uma moção aprovada, por unanimidade, na última Assembleia Municipal (AM) de Figueira de Castelo Rodrigo, cujos deputados consideram que o «constante abandono das obrigações do Estado para com os seus cidadãos» e o «olhar para o País de forma simplista e economicista» vai acentuar as clivagens entre as regiões. No caso de Figueira, o texto recorda que o município está a cerca de uma hora do hospital mais próximo (Guarda), contudo, um habitante de Barca d’Alva, no extremo Norte do concelho, fica a uma hora e meia. «Uma urgência nessa povoação só poderá ser socorrida dentro de, estimadamente, duas horas, caso o funcionamento do serviço seja exemplar, com a respectiva chamada para os meios de socorro apropriados e o consequente encaminhamento para o hospital em causa», lê-se. A moção adianta ainda que Figueira não dispõe de ambulância do INEM, enquanto a corporação de bombeiros local não está preparada para uma realidade «deveras onerosa» como a que se perspectiva. «Por isso, não nos parece viável cortar no papel a obrigatoriedade que o Estado tem para com os seus cidadãos, sendo que reduzir nas despesas públicas desta forma, é, sem dúvida, condenar o interior a uma morte anunciada», argumentam os eleitos.

Em vez disso, a AM figueirense reclama a construção de um novo Centro de Saúde, «apetrechado e com internamento capaz», adiantando que a Câmara já disponibilizou um terreno numa artéria nobre da vila. Em Aguiar da Beira, o presidente do município diz-se «preocupado» com a possibilidade de fecho do Serviço de Atendimento Permanente local. Para Fernando Andrade, «é de toda a importância que o SAP se mantenha activo», porque serve não só o concelho, mas também as populações de Sernancelhe, Moimenta da Beira, Penedono, Tabuaço ou S. João da Pesqueira. Na Mêda, o assunto foi debatido em reunião de Câmara, daí tendo resultado uma moção, aprovada por unanimidade: «Não podemos permitir que, por mero despacho de um ministro, seja de que Governo for, ou por razões meramente economicistas, venham pôr travão ao desenvolvimento de um concelho», refere o documento, intitulado “Mais Saúde, Melhor Mêda”. Tanto mais que o Centro de Saúde local está «bem apetrechado» de meios técnicos e humanos, o que pode ser decisivo num concelho envelhecido e que dista cerca de 70 quilómetros do Hospital Sousa Martins. O presidente João Mourato considera mesmo que «um país, um distrito ou um concelho, é mais justo e mais rico quanto melhores serviços de saúde tiver».

Luis Martins

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