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Águas do Côa baixam para permitir réplica no Fariseu

Cópia da rocha “número um”, uma das mais importantes do Parque Arqueológico, ficará no futuro museu

Desde ontem que as águas do rio Côa estão a baixar cerca de três metros para que possa ser feita uma réplica da rocha “número um” do sítio do Fariseu que ficará no futuro Museu do Côa.

A rocha em causa é «uma das mais importantes do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC)», adiantou Martinho Baptista, director do Centro Nacional de Arte Rupestre (CNART), ali sedeado. A operação foi acordada com a EDP, que vai controlar a descida das águas com as comportas da barragem do Pocinho, no rio Douro. Segundo o arqueólogo, esta colaboração «é rara», mas será necessário esperar «dois ou três dias» para que os trabalhos possam avançar. «Quando a descida das águas estiver concluída, precisamos de uma semana para trabalhar», acrescentou, revelando que a oportunidade vai ser aproveitada para serem feitas escavações no local.

A rocha “número um” costuma estar submersa a três metros de profundidade e é uma das mais importantes do parque. «Tem 86 gravuras rupestres, parte das quais estiveram tapadas com sedimentos desde o Paleolítico, o que permitiu fazer uma boa datação», afirma Martinho Baptista. De acordo com aquele responsável, as gravuras têm mais de 20 mil anos e a rocha junta um pouco de todos os tipos de técnicas que se podem encontrar no Vale do Côa. Entretanto, é exibido esta tarde o documentário de Jean Luc Bouvré sobre as gravuras rupestres do Vale do Côa. A sessão decorre no auditório do Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa. “Côa: o rio das mil gravuras” estreou ontem na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.

Realizado em 2006, o filme, uma co-produção franco-portuguesa, revela o tesouro arqueológico de arte rupestre descoberto nos anos 90 no rio Côa, na sequência da projectada mas nunca concretizada construção de uma barragem. Distinguido no Festival Icronos, de Bordéus, como o melhor filme documental pelo seu contributo científico, o documentário tem fotografia de Patrice Moreau, música de Olivier Adelen e é narrado por Rita Moreira. Em 2004 recebeu um subsídio de 40 mil euros do antigo ICAM (hoje, ICA). Jean Luc Bouvret é realizador e produtor de mais de uma dezena de documentários, maioritariamente centrados em temas arqueológicos.

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