A água, na Covilhã, já parece um bem de luxo. Em Fevereiro do ano passado houve um aumento absurdo nas tarifas de 8 e 11 por cento na factura deste bem essencial e ao qual qualquer cidadão – num país que se pretende moderno e em pleno século XXI – tem direito.
Surge agora novo aumento, que atinge precisamente a maior fatia da população, ou seja, o primeiro e segundo escalões. Numa altura em que o Governo pede já tantos sacrifícios aos cidadãos – com cortes nos salários, nas pensões e mais IVA –, será razoável mais este aumento desmedido por parte da Câmara da Covilhã? Será que não basta ocuparmos já o primeiro lugar na região no que ao tarifário da água diz respeito, sendo um dos mais elevados do país? Com estas medidas, a autarquia, via Águas da Covilhã, parece querer contribuir para reduzir ainda mais o poder de compra e a qualidade de vida dos covilhanenses.
No ano passado foram inauguradas na cidade, com pompa e circunstância, umas escadas rolantes, um elevador e uma ponte pedonal. (…) Contas feitas, estes investimentos representaram um total de cerca de 3,5 milhões de euros. Já em Maio último, a cidade recebeu o estágio da selecção nacional de futebol. Falou-se muito no retorno que tal presença traria, mas, até agora, só temos ouvido falar da Covilhã por causa do controlo anti-doping aos jogadores. Será que, com estes aumentos selvagens, a autarquia tenta recuperar algum deste investimento de duvidosa prioridade?
Alexandre Ferreira, Covilhã
