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Água em Marte

Mitocôndrias e Quasares

Nos dias que correm a comunicação é uma área nevrálgica em quase todas as áreas de conhecimento. Quem conseguir chegar aos cidadãos de um modo assertivo e cativante capta a sua atenção e ganha um aliado na validação das suas posições perante a sociedade. É precisamente isto que a NASA tem desenvolvido, com elevado sucesso, ao longo dos últimos anos. Com um gabinete de comunicação altamente interveniente e dinâmico, esta instituição americana tem conseguido ganhar aliados nos cidadãos para caucionar, perante os decisores políticos, muitos dos trabalhos/projetos de investigação extremamente dispendiosos.

Esta metodologia de comunicação foi precisamente utilizada, na passada semana, por parte da NASA ao anunciar a apresentação de um dado secreto acerca de Marte. A utilização da palavra “secreto” rodeou logo a apresentação de um interesse que transbordou na comunidade científica para a sociedade civil. Nos dias que decorreram até à apresentação pública, na segunda-feira, muito se falou sobre o que a NASA tem desenvolvido em Marte e que lhe iria permitir apresentar um dado completamente novo.

A descoberta de água no estado líquido é um dado extremamente relevante e extraordinário que abre novos caminhos na procura de vida fora do nosso planeta. Mas era uma investigação assim tão secreta? Ninguém sabia, na comunidade científica, que a NASA andava em busca de água no estado líquido no planeta vermelho? Muito dificilmente seria uma investigação assim tão secreta…

Deixemos de lado esta estratégia de captação dos holofotes e olhemos para o dado apresentado, que esse, por si só, é verdadeiramente importante. Por que razão ficou a comunidade científica tão entusiasmada?

A presença de água líquida no planeta vermelho abre portas para a descoberta de alguma forma de vida, tal como aconteceu na Terra, onde a vida se desenvolveu na presença desta substância. E que formas de vida serão possíveis de existir? Homenzinhos verdes com inteligência para comunicar? Com toda a certeza não!

Uma parte cada vez maior da comunidade científica está inclinada para considerar que se pode existir alguma forma de vida extraterrestre em lugares onde as condições sejam propícias, apesar de no geral se considerar que, provavelmente, tal vida exista apenas sob formas básicas.

Especula-se que as formas de vida extraterrestre vão desde as bactérias, que é a posição maioritária, até outras formas mais evoluídas. A disciplina que estuda a viabilidade e as possíveis características da vida extraterrestre denomina-se Exobiologia.

A vida na Terra requer carbono, hidrogénio, azoto, enxofre e fósforo, assim como minerais e também água, como solvente, onde têm lugar as reações. Uma quantidade suficiente de carbono e de outros elementos constituintes da vida, juntamente com a água, tornaria possível a formação de organismos vivos noutros planetas com uma química, uma pressão e uma temperatura similares às da Terra.

Da mesma forma que a Terra e outros planetas são formados por “poeira estelar”, é provável que outros elementos tenham sido formados com uma composição semelhante de elementos químicos. Tecnicamente, a vida é uma reação que se replica a si própria, pelo que, segundo esta simples premissa, poderia surgir vida numa vasta gama de condições e ingredientes diferentes, se bem que a via carbono-oxigénio parece ser ótima.

Após esta comunicação, o planeta vermelho vai ser encarado com maior potencial pelo que não tardaremos a ser informados de novas descobertas “secretas”!

Por: António Costa

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