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Agitar sem receio de errar na projeção da cidade

Opinião

A construção das cidades e o seu reflexo nas perceções apreendidas e projetadas resultam, cada vez mais, da capacidade de promover iniciativas diferenciadoras, capazes de aglutinar diferentes parceiros, articulando territórios e fomentando novas competitividades. Podemos indagar sobre modelos ou posicionamentos que valorizam a imagem dos territórios e a sua atratividade, repensado os formatos de construção e as vantagens de perceber as identidades e de fazer novo, reconstruir ou agitar. Este “agitar” é em si mesmo propulsor de mudança, de novas iniciativas, de novos entusiamos ou de afastar a inercia, de fortalecer autoestimas e de incentivar novos movimentos. Estes desafios de inovar, de ter capacidade de promover, de construir, mesmo suportado em formatos existentes, mas que se recriam e atingem expressão própria pelo seu posicionamento e pelos conceitos a inserir ou promover, assumem hoje dimensão crítica para o desenvolvimento dos territórios e para a capacidade de atrair e valorizar o turismo.

Entendo que a FIT veio verdadeiramente “agitar” a Guarda e proporcionar um quadro de animação, de projeção nacional e internacional, de fortalecimento da capacidade de acreditar que não tínhamos vivido anteriormente. Nesta segunda edição são cada vez mais os que querem estar presentes, os que querem apresentar novos produtos, os que querem promover os seus destinos turísticos, equipamentos e meios de valorização e divulgação. É também o momento da FIT assumir a diferença, seguindo uma trajetória própria, focada na internacionalização e promotora de diferenças nos espaços de exposição e expositores. Devem ser equacionadas a criação de áreas profissionais, alcançado novos públicos e atraindo mercados que possam estimular investimentos, ligados as diversas atividades económicas, pela qualidade de algumas das produções endógenas, de valorizar o património cultural e novas funções a ele associado, de qualificar os recursos naturais, a sua integridade e o potencial de uso associado e, de nos envolver, trabalhando de forma articulado numa rede de cooperação turística.

Deve face ao nosso posicionamento de fronteira, que carrega imaginários próprios, não descurar o potencial dos fluxos das regiões internacionais e fortalecer o relacionamento, quer por via das comunicações física e tecnológica, quer pelas formas de cooperação formal e informais desenvolvidas, quer ainda pela necessidade empreendedora de projetar os elementos que estruturam este território e promovem a sua identidade, gerando oportunidades de emprego e de integração socioprofissional das comunidades.

A imagem (e a sua capacidade de promover atratividade) é formada através da aquisição e processamento de informações com o efeito de promover e qualificar o conteúdo da mesma. A FIT não só está a criar imagem da cidade, mas a projetar uma região, a par de um movimento que não sendo silencioso nos agita, permitindo acreditar nas possibilidades do interior e de que a audácia e risco terão que fazer parte das nossas condutas, procurando agir sem receio de errar, pois o grande mal será a inércia e o que não dizem dela.

Por: Gonçalo Poeta Fernandes*

* Vice-presidente do Instituto Politécnico da Guarda

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