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Administradores da “Nova” instauram processo-crime contra Aníbal Ramos

Ex-administrador disse que alguns bens tinham saído da empresa durante o PERE

Artur Lã Rosa e António Aguilar, administradores da Nova Penteação, vão apresentar uma queixa no Tribunal da Covilhã contra o ex-administrador da empresa Aníbal Ramos por este ter proferido no aditamento da sua proposta de viabilização, apresentada na última quinta-feira, «acusações difamatórias graves» contra a actual gestão, que se mantém em funções até ao final do mês. Com base em depoimentos «consistentes de entidades credíveis», aquele que comandou os destinos da “Nova” durante 29 anos – cargo que manteve até 1999 – acusou a actual administração da empresa de ter retirado «muito recentemente» e durante o Processo Especial de Recuperação de Empresas (PERE) «vários bens indispensáveis para a laboração», adiantando que estes estarão neste momento na «posse de terceiros» sem qualquer «legitimação» do tribunal, tal como deveria acontecer em processos desta natureza.

A resposta não se fez esperar e António Aguilar e Artur Lã Rosa acusam, por sua vez, Aníbal Ramos de estar a «aproveitar-se» da apresentação de propostas para «lançar suspeitas difamatórias», exigindo que este «prove» as insinuações «falsas e torpes com que pretende pôr em causa a honra, honorabilidade e consideração» de ambos. Da sociedade Nova Penteação e Fiação da Covilhã, SA, «não saiu fosse o que fosse desde que em 2002 assumimos o controlo da administração da empresa», garantem os actuais administradores, adiantando que «todos os documentos da contabilidade, máquinas, instrumentos e demais bens continuam nas instalações». A «única excepção», confirmam, é um contrato de “leasing” respeitante à aquisição de um veículo automóvel Audi A4, «atribuído ao engenheiro Luís Filipe», cuja transferência de propriedade ocorreu a 17 de Dezembro de 2002, embora o contrato tenha sido «rasurado para 16 de Dezembro», altura em que Vasco Lino (actual administrador do Centro Hospital da Cova da Beira SA) deixou a empresa. No entanto, «a rubrica do funcionário da entidade locadora no documento de venda está com a data de 16 de Janeiro deste ano», notam os actuais administradores, recordando que o outro administrador que assinou o documento a par de Vasco Lino também tinha abandonado a gestão da “Nova” a 30 de Novembro do ano passado.

Para além deste “leasing”, a sociedade emprestou algum equipamento industrial a outras empresas, movimentos que estarão documentados (como é o caso da “Desfibras” em relação ao empréstimo de um componente eléctrico em Setembro de 2002), alguns já foram inclusive devolvidos (os pentes emprestados à Paulo de Oliveira) ou serão devolvidos durante esta semana. É o caso da “A. Saraiva, Lda”, cujos administradores garantem que o tempeiro e um órgão emprestados sob a administração de Vasco Lino deverão ser entregues em breve. Deste modo, e para «clarificar toda a verdade», António Aguilar e Artur Lã Rosa apresentaram no tribunal da Covilhã, um «historial da contabilidade, encomendas e produção da empresa desde 1999 até 11 de Setembro passado». Vítor Ramalho, ex-secretário de Estado da Economia da Indústria nos governos socialistas, que substitui o ex-administrador na qualidade de advogado e «amigo íntimo» de Aníbal Ramos» – que não participou na última assembleia por ter sofrido uma intervenção cirúrgica -, desdramatizou a situação, alegando que não haver denúncias «nenhumas». «O que se disse é do conhecimento público», justificou, defendendo que Aníbal Ramos tinha ficado a saber que, «eventualmente, alguns bens não estavam na empresa durante o PERE e que, caso ganhasse, só queria saber se se encontravam lá», explicou. «Onde estão aqui as insinuações?», questionou Vítor Ramalho, defendendo-se sublinhando que «as pessoas têm que dizer as coisas sem que os outros se sintam melindrados. Se isso é um facto, onde é que está a difamação? Onde é que está o crime?», interroga-se.

Liliana Correia

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