1. A manchete da edição de 12 de setembro deste jornal foi sobre o adiamento da abertura do novo pavilhão do Hospital Sousa Martins e representámos graficamente esse protelar com nuvens negras e sombrias sobre o “novo hospital” da Guarda. Comentámos então, com estranheza, que “novo hospital” estava arredado da campanha. Ou seja, o maior investimento jamais feito no distrito da Guarda estava bloqueado, mas ninguém falava dele – por desconhecimento ou falta de interesse por parte dos candidatos. Passou-se a falar, mas pouco e mal. E o assunto foi aniquilado pelo sound-byte «mais miolos e menos tijolos» que Álvaro Amaro produziu e o PS manipulou.
A relevância regional e a defesa da melhor prestação de serviços de saúde à população do distrito da Guarda estão postas em causa, por culpa da decisão ignóbil de não executar a “fase II” do projeto. A grave situação do país não pode servir para justificar todas as decisões erradas que se têm tomado. Os responsáveis têm de ter a coragem de decidir de acordo com as possibilidades, mas também de acordo com as necessidades. A opção política, deste governo, de adiar ou desistir da execução contratualizada em 2011 por 48 milhões de euros (IIª fase: requalificação dos pavilhões número 1 e número 5, os pavilhões Dª Amélia e D. António de Lencastre, e requalificação de todo o Parque da Saúde) e com financiamento aprovado no QREN em 85 por cento é inadmissível.
O Hospital Sousa Martins é o maior da Beira Interior, é o que tem mais utentes e o que tem mais camas, e não se podendo fazer uma análise de produtividade por especialidades (pois há valências mais desenvolvidas num hospital e outras que o são noutro), comparativamente, e como exemplo, segundo dados de 2012 da ACSS, a maternidade da Guarda teve 607 partos, enquanto a do Pêro da Covilhã registou 598 e a de Castelo Branco 419.
É, pois, incompreensível a falta de investimento no maior hospital da Beira Interior e que o “novo” pavilhão há meses concluído ainda não esteja equipado e pronto a utilizar – Passos Coelho assegurou na semana passada, na Assembleia da República, que deverá abrir até ao final do ano…
2. O anterior executivo da Câmara da Guarda decidiu fundir as duas empresas municipais – Culturguarda, EM, e Guarda, Cidade de Desporto, EM, mas não respondeu aos pedidos de esclarecimento do Tribunal de Contas (TdC). A inércia da autarquia, habitual, criou um problema grave: se o TdC não der o visto a esta fusão, Álvaro Amaro terá, apressadamente, de encontrar outra solução. Entretanto, terão de ser dispensadas 32 pessoas. A solução devia ter sido há muito encontrada e devia ter passado pela eliminação das duas empresas, com a autarquia a absorver os trabalhadores das duas entidades com grande poupança nos custos de exploração (recorde-se que, em 2004, na aprovação dos estatutos da Culturguarda, EM, em Assembleia Municipal, isso foi defendido, nomeadamente, pelo deputado Honorato Robalo, que chegou a propor um regime especial para pagar ao diretor artístico, no entanto, a Câmara optou por avançar com a constituição da Empresa Municipal, equiparando o vencimento do diretor ao de vereador). A incapacidade de decidir do executivo de Joaquim Valente pode levar a dificuldades de funcionamento do TMG e das Piscinas Municipais, com prejuízos no desenvolvimento das suas atividades. Mas, o que também não pode continuar a acontecer, é os custos de um evento serem artificialmente aumentados, para gerar receitas fictícias na Culturguarda, como estaria previsto no concerto de Cristina Branco, cuja contratação irá custar 5 mil euros à Culturguarda que pretendia depois faturar por 11,070 euros (IVA incluído) à Câmara da Guarda.
Luis Baptista-Martins