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Adega de Figueira recusa empresa conjunta

Proposta nem chegou a ser votada na última Assembleia Geral, por suspeitas de irregularidades no processo de integração

A Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo não vai entrar na empresa que a União das Adegas Cooperativas da Beira Interior (UNACOBI) pretende criar. A proposta nem sequer foi votada pelos sócios na última Assembleia-Geral, realizada no domingo. Na reunião anterior vários associados pediram informações adicionais sobre o projecto, mas desta vez algumas vozes levantaram a hipótese da integração da adega figueirense num projecto de perfil privado ser ilegal à luz dos estatutos da cooperativa. Manuel Gonçalves, presidente da direcção, diz que será pedido um parecer ao Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo para averiguar esta situação.

Da parte da UNACOBI, Bidarra Andrade já manifestou o seu descontentamento pela decisão (ver carta aberta publicada no “Espaço Público” desta edição), mas continua à frente daquele organismo que reúne as adegas da Covilhã, Fundão, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Franca das Naves. No documento, dirigido ao ministro da Agricultura, o responsável beirão traça o momento negro que atravessa o sector vitivinícola da Beira Interior, que considera agravado pela decisão de Figueira de Castelo Rodrigo: «Corremos neste momento o risco das gerações vindouras nos acusarem de termos sido os coveiros de todo o sector vitivinícola da região da Beira Interior», avisa. Bidarra Andrade não concretiza, mas critica “aqueles” que pretendem manter «a sua pequena capacidade de intervenção e alguma visibilidade, saudosistas, bairristas, arautos da desgraça do modelo proposto», desafiando-os a apresentar propostas alternativas. Na direcção da adega de Figueira, Manuel Gonçalves mantém-se na direcção até às próximas eleições, mas não será candidato. O dirigente argumenta com a sua longa permanência no cargo e o cansaço causado por seis anos de serviço, além da vontade de seguir com projectos pessoais. Ainda assim, é sabido que o dirigente apoiava este projecto e apostava no seu sucesso.

O projecto de integração das adegas de Figueira de Castelo Rodrigo, Vila Franca das Naves e Covilhã está arredado. «O projecto inicial não tem fiabilidade», assegura Bidarra Andrade. Como já havia sido referido na edição de 9 de Agosto, este responsável só concebia a empresa se as três cooperativas avançassem, o que não acontece. «A dimensão das adegas de Vila Franca das Naves e da Covilhã não é suficiente. Estas cooperativas não têm suporte para ganhar escala no mercado», lamenta. Bidara Andrade ainda não sabe como seguirão as coisas daqui em diante, mas recusa a ideia de estar fragilizado na presidência da UNACOBI e da Adega da Covilhã. Garantindo que continuará nas duas instituições, o dirigente defende que «agora cada adega tem de pensar no melhor para si, racionalizando ao máximo os seus recursos». Alterações que considera imprescindíveis, sobretudo daqui para a frente, pois «tal como estão estruturadas as adegas, não é viável apresentar produtos de qualidade no mercado», refere.

Enquanto responsável pela adega covilhanense, Bidarra Andrade diz que os órgãos sociais também vão reflectir sobre «a saída mais airosa» para a cooperativa. Já na qualidade de presidente da UNACOBI, admite que não vai apresentar ou apadrinhar outros projectos, pois investiu «pessoalmente neste por achar que era o mais credível». Reconhecendo a solidariedade da direcção da Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo, espera que os sócios que travaram o projecto estejam «consciente das consequências inerentes à sua decisão, que ficará registada pela negativa na história local, impedindo as reformas e as mudanças tão necessárias que não são fáceis dado o problema específico de cada cooperativa, com hábitos adquiridos através dos tempos, começando nas suas direcções sem a formação adequada aos cargos que exercem, para enfrentar a rigidez dos mercados, as áreas do marketing e para gerirem duma forma eficiente os destinos face aos mercados modernos».

Igor de Sousa Costa

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