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Adega de Figueira está bem e recomenda-se

«A credibilidade não pode ser posta em causa por causa de um requerimento», sublinha Mário Ferreira da Silva, director da Adega de Figueira de Castelo Rodrigo. Depois do deputado comunista Bernardino Soares ter apresentado um requerimento na Assembleia da República para obter informações sobre a situação da Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo, a instituição vive momentos mais conturbados, por causa da incerteza dos associados. Mas a adega está boa de saúde, «tanto que na última assembleia aprovou o melhor relatório de contas dos últimos tempos», adianta o director. De facto, perderam um subsídio de exportação relativo à venda de 750 mil litros de vinho a granel para Angola, devido a análises divergentes de dois laboratórios do Instituto da Vinha e do Vinho. Na Mealhada, o parecer à qualidade do produto foi positivo, mas no Catujal considerou-se existir falta de limpidez, o que a adega refuta e vai contestar judicialmente. Além do subsídio à exportação, a adega foi ainda multada numa quantia que está a ser apurada. Apesar deste imprevisto, a Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo «não vive nenhuma situação de catástrofe», garante o responsável, adiantando que «em termos financeiros, está perfeitamente saneada». Há dois anos devia mais de 2,5 milhões à banca e tinha um milhão vencido a fornecedores. «Agora recuperámos a credibilidade, pagámos duas campanhas aos associados e ganhámos prestígio», acrescenta. Tanto que no ano passado ganharam duas medalhas de prata num concurso internacional. De resto, a adega fez «um grande esforço» na procura de clientes estrangeiros, renovação de imagem, da garrafa e do próprio rótulo, «tudo foi feito dentro de muita dificuldade», acrescenta.

Pinhelcoop sem solução à vista

Já a Pinhelcoop pode vir a desaparecer. A direcção demissionária daquela cooperativa agrícola de Pinhel vai manter-se em funções até ao tribunal decidir sobre o seu futuro. A decisão foi tomada na semana passada depois de nenhuma lista ter aparecido a sufrágio durante a assembleia geral de sócios convocada para eleger os novos corpos sociais. Entretanto o sector comercial da cooperativa já foi encerrado por decisão da comarca de Pinhel que penhorou algumas viaturas. No entanto a Pinhelcoop continua a funcionar dentro do possível. Mas o futuro dos funcionários depende do desfecho da instituição.

A crise na Adega tem vindo a arrastar-se ao longo dos últimos dez anos e continua sem solução à vista. Dívidas elevadas estão na origem de uma situação insustentável para a instituição, correndo termo no tribunal local um pedido de recuperação ou falência. O que implica que a Pinhelcoop, com três décadas de existência e 1.800 associados, passe a ser administrada por um gestor judicial, a quem caberá apresentar um plano de recuperação. Os credores deverão depois pronunciar-se sobre a viabilidade ou não da cooperativa. Apesar da maioria dos associados defenderem o fim da Pinhelcoop e a criação de uma nova entidade. Segundo Abel Rocha, presidente eleito em Julho de 2004 e demissionário desde Março, as dificuldades não são recentes, só que a situação agravou-se no início deste ano quando a direcção foi confrontada com mais dívidas que as contabilizadas, «cerca do triplo», refere. Pior é a dívida com o Estado, que ascende actualmente cerca de 75 mil euros, quando representava na altura perto de nove mil euros. Ainda assim, a direcção demissionária conseguiu regularizar os salários em atraso, que chegaram a ser de sete meses, e liquidou cerca de 40 mil euros de dívidas.

Nem tudo vai mal…

Na Adega Cooperativa Beira Serra, em Vila Franca das Naves, «não se vivem actualmente momentos de crise», assegura Luís Nogueira, director. Pelo contrário, «como o vinho este ano está com óptima qualidade, até aumentámos as vendas», acrescenta. Mas dificuldades há sempre. «Estamos a fazer um grande esforço para que o associado receba mais», indica, mas a instituição debatem-se com a concorrência desleal de outros países. Apesar de terem clientes fidelizados, «precisamos de conquistar novos mercados». Mas o director não hesita em afirmar que «esta é uma casa com pernas para andar». Do outro lado da região vitivinícola, Albertino Nunes, presidente da direcção da Adega Cooperativa do Fundão, considera que «ao nível da comercialização, o mercado está menos receptivo. Mas vai-se vendendo», desabafa o presidente, que tomou posse na passada sexta-feira. «Talvez por causa da legislação rodoviária, que é cada vez mais rigorosa», lança o responsável. As adegas vêem-se depois a braços com falta de escoamento do vinho e de apoios, mas «isso acontece um pouco por todo o país», lastima o presidente. Porém, vai-se apercebendo que começa haver um certo «desinteresse» nos produtores. Por isso, «é preciso trabalhar mais para encontrar novos mercados», desafia Albertino Nunes. Contactado por “O Interior”, o presidente da Adega Cooperativa da Covilhã, Rui Moreira, preferiu não fazer qualquer comentário sobre este assunto.

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