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Achando sucede a Portugal

MPT entrega presidência da Assembleia Municipal de Celorico da Beira ao segundo partido do hemiciclo

António Achando (PSD) é o novo presidente da Assembleia Municipal (AM) de Celorico da Beira. A maioria dos deputados elegeram segunda-feira à noite o sucessor de Carlos Portugal, do Movimento do Partido da Terra (MPT), destituído há um mês atrás por uma moção do líder da bancada social-democrata, colocando um ponto final no impasse vivido desde então naquele órgão autárquico. Uma eleição que dita o fim do MPT, maioritário, na Assembleia Municipal celoricense onde é agora o principal aliado dos social-democratas, principais adversários até há um ano atrás.

Sinal disso foi a composição da única lista, proposta pelo MPT, sufragada. O PSD assegurou a presidência da mesa, sendo secretariado por António Campos Rebelo e Maria Conceição Marques, ambos do MPT. A assembleia reuniu em sessão extraordinária para proceder unicamente à eleição da nova mesa, tendo sido convocada para o efeito por dois terços dos deputados, uma vez que Carlos Portugal, apesar de solicitado, não convocou a reunião nos cinco dias estipulados legalmente. De resto, o antigo presidente da AM renunciou imediatamente ao mandato de deputado, dizendo-se «desiludido com a política do concelho» e acusando os «pseudo-políticos» de Celorico da Beira de estarem a colocar «os seus interesses pessoais acima dos interesses do município». De saída, Carlos Portugal avisou, no entanto, estar «disposto a combater a hipocrisia» e que vai continuar a acompanhar a política local. Que, pelos vistos, se prepara para viver uma “cambalhota” colossal nas próximas autárquicas. É que António Caetano, actual presidente em exercício eleito pelo MPT na lista de Júlio Santos, já anunciou a sua disponibilidade para ser o novo candidato do PSD à Câmara de Celorico. Um cenário que está a agradar aos social-democratas locais, que perderam a autarquia em 1993 para o então socialista Júlio Santos. Tanto assim que António Achando já disse que Caetano poderá ser «um bom presidente».

Ultrapassado impasse na AM, o caso deverá prosseguir na esfera judicial. Os subscritores da moção de destituição de Carlos Portugal solicitaram ao Ministério Público o apuramento da «atitude» do ex-presidente da Assembleia Municipal, que acusam de ter agido «propositadamente» ao abandonar a mesa «sem dar cumprimento na íntegra à moção», o que terá originado um «vazio de poder», considerou na altura António Achando. Uma postura que os deputados consideram ser de uma «irresponsabilidade e ilegalidade notórias» e que esteve na origem da instabilidade e confusão» geradas entre deputados e público na sessão de Fevereiro. A situação acabou por levar a mesa “ad hoc” a «suspender/encerrar» a reunião numa altura em que o «impasse criado» pelo ex-presidente continuava por resolver. Carlos Portugal, por sua vez, considerou a ameaça de recurso ao Ministério Público como uma «mera manobra de diversão», pois «qualquer» deputado pode abandonar a sessão. «A Assembleia está completamente desfigurada e certos deputados desvirtuaram os princípios com que se vincularam aos eleitores nas últimas autárquicas. Este episódio não dignifica os políticos e não estou muito disponível para pactuar com o que se está a passar em Celorico da Beira», acusa na altura em declarações a “O Interior”.

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