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Acessos da Guarda à A25 continuam a desagradar

Câmara e freguesias do Norte do concelho querem ligação do Alto do Alvendre ao quartel dos Bombeiros

Os acessos da Guarda à A25 continuam a não agradar às freguesias do Norte do concelho e também à autarquia, que está a diligenciar para que seja construída uma ligação entre o Alto do Alvendre e o quartel dos Bombeiros. Uma solução que evitaria que todo o tráfego proveniente da auto-estrada passasse obrigatoriamente pela, já de si, bastante movimentada Avenida de São Miguel. O assunto voltou a ser levantado na última Assembleia Municipal pelo presidente da Junta de Freguesia de Avelãs de Ambom.

Quase um ano depois de ter abordado o problema, Luís Figueiró realça que tanto a sua freguesia com as restantes que integram a Associação de Freguesias do Norte do Concelho continuam «muito apreensivas e críticas» em relação à solução apresentada pela Estradas de Portugal (EP). O autarca denuncia o estado de degradação do pavimento da estrada municipal 577 e reivindica que, no fim das obras, a via fique «como estava antes da construção da A25», lamentando que se esteja a afunilar o acesso à Guarda: «Será possível que queiram gastar dinheiro numa obra que não retira da Avenida de S. Miguel nenhum do trânsito que a atravessa para chegar ao centro da Guarda?», questiona. É que, segundo Luís Figueiró, «parece que querem construir uma terceira estrada a terminar onde já terminam duas», denuncia. Assim sendo, «quem vem de Celorico chega ao stand da Mercedes pela A25, o mesmo acontecendo a quem vem do Vale do Mondego pelo velho IP5, já que continua pela alternativa que querem construir [via paralela à auto-estrada], e aos automobilistas da municipal. Juntam-se todos ali e fazem uma travessia por S. Miguel para chegarem finalmente ao centro da cidade», ironiza.

«Será isto diversificar a oferta de acessos à Guarda? E gasta-se dinheiro dos contribuintes numa estrada que não os aproxima de coisa nenhuma?», acusa. Pelo contrário, o autarca relembra que a solução defendida «desde sempre» pela Associação de Freguesias consiste na construção da ligação IP5-Guarda com início junto ao Alvendre e fim na VICEG, junto ao quartel dos Bombeiros. Recordando que, em Junho de 2005, a Assembleia Municipal da Guarda aprovou, por unanimidade, uma recomendação à Câmara a defender esta solução, Luís Figueiró quer saber se esta deliberação «terá tido alguma consequência», embora saiba que esta solução mereceu um parecer negativo do Ministério do Ambiente. «Mas quantas obras em Portugal não têm inicialmente pareceres negativos? Não é possível fazerem-se alterações para haver um parecer positivo?», alerta.

Via paralela à A25 é um «disparate técnico»

Joaquim Valente concordou na íntegra com a intervenção do presidente da Junta de Avelãs de Ambom, garantindo que vai interceder para que o projecto do acesso entre o Alto do Alvendre e o quartel dos Bombeiros fique de acordo com as normas do Ministério do Ambiente. «Todos sabemos e defendemos que falta um acesso à Guarda pela parte Norte», realçou na AM. Salientando que «ninguém quer» que o trânsito do IP5 venha a ser «novamente despejado» em S. Miguel, o autarca da Guarda é apologista de que se crie «uma alternativa a esta via pelo lado poente», a chamada ligação do Alto das Carmonas ao Instituto Politécnico da Guarda. Após uma reunião com a EP, Joaquim Valente foi informado de que o projecto inicial, feito há cerca de cinco ou seis anos, não foi aprovado pelo Ministério do Ambiente, mas que «é possível encontrar outras soluções para que esse acesso seja uma realidade, e pugnaremos por isso», assegura. De resto, o edil considera que fazer o prolongamento do IP5 paralelamente à A25, para entroncar no mesmo nó onde liga à auto-estrada, é «um contra-senso» e um «disparate técnico», tendo em conta que a topografia do terreno «não é favorável», argumenta. «Deveriam ter feito a A25 mais junto à Linha da Beira Alta e teriam aí uma nova via sem grandes custos. Não se fez planeamento mais uma vez e a situação agora é melindrosa», admite.

Tudo na mesma na Egicomb

Passados dois meses após se ter deparado com agentes da GNR, uma máquina e representantes da EP para destruírem as instalações da sua empresa, José Alves, proprietário da Egicomb, no Alvendre, garante que «felizmente», até ao momento, nem ele nem o seu advogado nunca mais foram contactados. Recorde-se que, no início de Março, o empresário solicitou um período de três semanas para tentar encontrar uma solução que pudesse viabilizar a continuidade da actividade da empresa de distribuição de combustível para aquecimento, prazo com que a EP concordou. Relembre-se que a Egicomb corre sérios riscos de encerrar as portas, deixando no desemprego cerca de 15 pessoas, tudo porque a construção do acesso à A25, caso não haja alterações do projecto, vai obrigar à demolição das instalações da empresa, cujo proprietário não aceita o valor de indemnização proposto pela EP.

Ricardo Cordeiro

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