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A25 pode vir a ter portagens

Intenção é revelada no Orçamento de Estado para 2010, com o Governo a prometer estudar o assunto

A ameaça vem no Orçamento de Estado. O Governo garante que vai estudar a introdução de portagens em mais auto-estradas construídas em regime SCUT (sem portagens para o utilizador) «logo que possa e se justifique». A A25, entre Aveiro e Vilar Formoso, é uma delas, já que o ministério das Obras Públicas estará em negociações com a concessionária desta auto-estrada, a Ascendi, ex-Aenor, liderada pela Mota-Engil.

A concretizar-se, esta intenção mete na gaveta a promessa de José Sócrates, que, em Outubro de 2006, garantiu que a concessão Beiras Litoral e Alta não terá portagens pagas pelos utilizadores até a região que atravessa atingir os indicadores sócio-económicos do resto do país. Na altura, o primeiro-ministro considerou que esta isenção era «um contributo para o desenvolvimento», mas também admitiu essa eventualidade. «Se esta região tivesse indicadores de desenvolvimento iguais à média nacional, não havia motivos para não ter portagens pagas», afirmou, lembrando que «todos os portugueses estão a contribuir para esta região». Passados pouco mais de três anos, e com o défice à perna do Governo, o aviso pode ser uma realidade mais cedo do que se esperava. Mas, para o presidente da Câmara da Guarda, «não é justo» que sejam introduzidas portagens na A25.

«O Governo deve ser fiel aos pressupostos dos índices de desenvolvimento que estabeleceu para isentar esta auto-estrada e a A23 de portagens», disse o socialista Joaquim Valente, recordando que a grande maioria dos concelhos do distrito da Guarda continua «longe» da média nacional. «Esse é um princípio justo enquanto a região não tiver melhores indicadores, caso contrário seremos muito penalizados, até porque não há grandes alternativas à A25 para circular em segurança», declarou. Os mesmos argumentos valem para o Governador Civil. «A anulação deste mecanismo de discriminação positiva viria agravar ainda mais a “inclinação” do país para o litoral», afirmou Santinho Pacheco, que disse acreditar que os compromissos do passado serão respeitados. «Nesta legislatura não haverá nada que afecte a A25, pelo menos no nosso distrito, onde os índices de desenvolvimento ainda são inferiores aos dos vizinhos de Aveiro e Viseu», acrescentou, tomando esta possibilidade como «um aviso para outro tipo de leituras supra-nacionais».

A A25, que substitui o Itinerário Principal 5, tem uma extensão total de 172,4 quilómetros, atravessando os distritos de Aveiro, Viseu e Guarda. É a principal ligação de Portugal à Europa no que diz respeito ao tráfego de pesados. Anualmente circulam nesta fronteira 33 por cento dos veículos pesados que entram e saem de Portugal. A obra custou no total 895 milhões de euros.

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