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«A vontade do povo foi expressa duas vezes e não há dúvidas»

Cara a Cara – João Francisco Simão

P – A primeira eleição, em setembro de 2013, foi posta em causa pelo movimento Juntos Pela Boidobra. Acha que a reeleição nas intercalares de 7 de setembro esclarece cabalmente as dúvidas de há um ano?

R – Penso que a vontade do povo foi bem expressa este ano. Enquanto no primeiro ano os votos foram dispersos, agora, embora com abstenção elevada, a diferença entre as duas listas foi de 100 votos. Portanto, a vontade foi expressa duas vezes e não há dúvidas.

P – Quais as consequências deste ano de gestão da freguesia? É possível recuperar o tempo perdido?

R – Há situações pelas quais vamos lutar. Vamos reunir com a Câmara para a apresentação dos corpos sociais. Este ano não pudemos celebrar protocolos de delegação de competências com nenhum organismo. Agora vamos recuperar o tempo perdido, e, com a maioria absoluta na Assembleia, estão reunidas as condições ideais para o fazermos.

P – O que espera da oposição do movimento Juntos Pela Boidobra?

R – Espero que tenham um trabalho positivo e que façam boas propostas.

P – Quais as principais carências que identifica na freguesia?

R – Há obras que são caricatas. A estrada junto ao Centro Cultural e Desportivo Estrela do Zêzere apresentou problemas com o empreiteiro, mas o atual executivo da Câmara da Covilhã já chegou a acordo com o proprietário, Paulo de Oliveira. O espaço Dibeira já consta no plano de atividades do município. Agora está pendente de questões financeiras, mas, depois de tantos anos, é preciso pensar nos moradores porque todos pagam Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI). Onde foi feita a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) ainda há locais sem saneamento e rede de abastecimento de água. Existe também a questão administrativa da freguesia, porque o anterior executivo da Câmara dividiu a freguesia em duas. Ou seja, da variante para cima seria a Câmara a assumir a limpeza, mas não funcionou bem e os moradores perguntam-se porquê. É o que acontece, por exemplo, em caminhos rurais da Urbanização Quinta do Sol. Queremos chamar a nós a limpeza de toda a freguesia porque as reclamações devem ser feitas aos autores responsáveis. A Águas da Covilhã diz que é a única freguesia da Covilhã nestes moldes e eles estão abertos a voltarmos ao antigamente porque adquirimos máquinas para essa gestão.

P – Que projetos pretende concretizar neste mandato?

R – Nos dossiers antigos descobri um projeto do tempo do vereador João Esgalhado que consiste em devolver o rio à população e construir a praia fluvial na ponte de Alvares. Na Boidobra, a construção de um açude para fazer um espelho de água seria uma jóia para toda a população do concelho. Vamos ainda avançar com a recuperação dos polidesportivos com piso sintético, bancadas e balneários.

P – Pretende executar os projetos vocacionados para as camadas mais jovens?

R – Gostaríamos de criar um conselho cultural com as associações para ver no seu plano anual de atividades onde é que a autarquia pode ajudar e não existir sobreposição de iniciativas, mas sim uma agenda limpa.

P – Com as dificuldades financeiras das autarquias locais, considera que consegue desenvolver na vila os projetos que deseja?

R – O orçamento de 2014 nunca foi aprovado por causa da renúncia da assembleia de freguesia. Temos de convocar a assembleia e já estamos no fim do ano. O plano de ações tem de ser enviado às entidades superiores e será muito difícil de concretizar.

Estamos muito dependentes de protocolos com a Câmara porque as freguesias não nadam em dinheiro. Antes não podia protocolar para avançar com obras, só o posso fazer agora como presidente em pleno exercício de funções. Embora a Câmara tenha problemas, começa a haver dinheiro. Espero que não pensem apenas na cidade, mas também nas freguesias.

João Francisco Simão

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