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A verdade a brincar em Vila Franca das Naves

O descarrilamento, a falta de apoios aos agricultores e a gripe das aves brilharam no cortejo mais antigo do distrito da Guarda

«Xócrates: Queridoxo, amori… Tem pena do produtori, tem compaixão do vendedori, para ajudar o consumidori», dizia um dos muitos carros alegóricos no corso mais emblemático do distrito da Guarda. No domingo, centenas de figurantes e visitantes encheram as ruas principais de Vila Franca das Naves. E, apesar do frio cortante e da ameaça de chuva, ninguém arredou pé até ao final do desfile, no mercado da vila.

Uma festa muito popular, regada com uma pitada de malandrice, algum samba e muitas mensagens sempre bem intencionadas. Do descarrilamento do comboio na estação local, aos apelos de ajuda para a agricultura, até ao carro de emergência para a desinfestação da gripe das aves, que trazia uns técnicos devidamente equipados para borrifar com água os transeuntes, ideias não faltaram para folgar. E a brincar, a brincar, lá se foram dizendo algumas verdades, mas como é Carnaval ninguém leva a mal. Muito pelo contrário, ouviram-se muitas gargalhadas e cumplicidades ao longo dos cerca de dois quilómetros do trajecto, com destaque para um “repórter de imagem” e a “jornalista” da “TVI”, que andaram a correr de um lado para o outro – esquecendo-se por vezes da câmara – fazendo perguntas disparatadas aos visitantes. O samba também não faltou à festa tradicional portuguesa, marcando presença com uma espécie de trio eléctrico onde três meninas abanavam as ancas, com a diferença que ali não estavam nuas. Já os mais pequenos do concelho desfilaram com várias fantasias, acompanhados pelas suas educadoras. Uma festa carnavalesca, com muitas serpentinas e bolas de sabão, muita cor e boa disposição, que contou com os contributos das associações e grupos populares da freguesia e de localidades vizinhas, mas também com a participação de alunos da Escola Profissional de Trancoso.

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