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A “veia” criativa do Feital

Exposição pode ser visitada até sábado no atelier “Temos Tempo”

No atelier “Temos Tempo”, no Feital (Trancoso), voltou a “respirar-se” arte durante a nona edição do Simpósio Internacional de Arte do Feital. No último fim-de-semana a tradicional residência artística proporcionada por Maria Lino abriu as portas ao público para mostrar as obras que resultaram deste encontro de artistas.

«O primeiro Simpósio aconteceu em 1995, sendo que cada um tem dois encontros», recorda a pintora e escultora. Com o objectivo de trocar experiências e despertar a “veia” criativa que toda a envolvente do Feital proporciona, estas artistas não se cansam de dar a “respirar” arte a todos quantos visitam a exposição. «É sobretudo uma troca de experiências entre várias artistas que, muitas vezes, não se conhecem e que vêm de diversos países, este ano por exemplo, há gente da Alemanha, França e Portugal», sublinha. A primeira parte do simpósio decorreu em Setembro de 2006, sob o tema “Desenho e Escrita”, tendo participado Bárbara Assis Pacheco, Antje Bromma, Barbara Spielmann, Doris Cordes-Vollert, Ingrid Beckmann, Claire Moreau e Susann Becker, que agora apresentam as interpretações suscitadas pelo ambiente e a envolvência do Feital, sendo que desta vez juntou-se-lhes a escultora Cristina Ataíde. No ano passado, a primeira semana de trabalho decorreu em Foz Côa, a ver as gravuras rupestres em sítios que não estão abertos ao público. Uma experiência que influenciou a maior parte destas artistas, que «começaram logo a desenvolver o seu trabalho», recorda Maria Lino.

Para Bárbara Assis Pacheco foi segundo ano em que participou e a experiência não podia ter sido melhor. «É óptimo ter esta experiência de grupo, conviver com pessoas de diferentes nacionalidades e formas de ver e interpretar a arte. A nível da criação, trabalha-se bem porque não há distracções nem outras solicitações», refere a artista. Apesar de estar satisfeita e orgulhosa com o trabalho desenvolvido nesta nona edição do Simpósio Internacional do Feital, Maria Lino lamenta a falta de apoios para às artes e cultura. «Em 2006 tivemos o apoio da Delegação Regional de Cultura do Centro, mas este ano não recebemos nada de ninguém e, como se pode imaginar, é muito duro trabalhar assim», lamenta. No entanto, admite que o evento é compensador pela troca de experiências, apesar de ser «angustiante não ver o nosso trabalho reconhecido pelo exterior». Este encontro de arte contemporânea foi idealizado em meados da década de 90 pela pintora e escultora, então regressada da Alemanha à sua terra natal. Ali fundou o sugestivo atelier “Temos Tempo”, um autêntico ninho de criatividade implantado no ambiente agreste e isolado desta pequena aldeia do concelho de Trancoso, onde vivem pouco mais de 40 habitantes. Os trabalhos resultantes deste Simpósio poderão ser apreciados até sábado, estando prevista para dia 29 uma oficina de desenho, intitulada “A Natureza também desenha”, orientada por Maria Lino, com a participação de Doris Cordes-Vollert e Susann Becker. Para Outubro estão agendadas visitas guiadas à exposição para as escolas, mediante marcação prévia, e público em geral.

Tânia Santos

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