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A Universidade de Coimbra, os Politécnicos e a vergonha

Devo confessar que me repugna o facto de ser um pagador de custos de educação onde a educação é cada dia menor, a segurança cada vez mais precária e a festa e a atoarda cada vez maior. A Latada é hoje uma segunda Queima das Fitas para nutrir os custos imparáveis de estudantes e suas associações. Hoje, os lucros das Queimas e das Latadas podem ultrapassar o milhão de euros. Estamos a falar de uma AAC gerida por amadores que subcontrata, por centenas de milhares de euros, serviços profissionais e por vezes suspeitos.

Que Monstro é este que se criou na Academia de Coimbra? A AAC promove múltiplas atividades em inúmeras secções onde se consomem milhões de euros. Para realizar tudo isto que permite Tunas, Teatros, Desporto devia haver um retorno saudável com apresentações mais consentâneas com a função que à Universidade diz respeito. Competição inter universitária, mostra de tunas, cortejo de danças e cantares. Mas o esforço permanente é o alcoolismo e as festas da cerveja. Os prédios de Coimbra estão cheios de casas arrendadas por onde o frenesim alcoólico se esmera em outubro e se repete em maio.

Não podemos esquecer a receção aos caloiros, que já é outra festa de enormidade e exagero com início em setembro.

Os pais pagam para o ensino público e privado e percebem que, de aulas, em Coimbra há menos de seis meses, o resto são festas, férias e intervalos para retemperar. Fomos uma Universidade vendedora de cerveja (nos anos 90 e até 2005, o D. Diniz batia recordes de venda de barris), os bares da AAC abrem até de madrugada numa prática que é deveras não recomendável e por certo impossível nas paralelas de referência Oxford, Cambridge, MIT, UCLA, Louvain la Neuve – terão bares abertos às 3 da manhã? E bares que revertem lucros para atividades estudantis? Em Londres, o ruído depois da 22 horas é quase impossível – são dez milhões de habitantes, são países de rentabilidade e de trabalho. Recentemente, soubemos da compra em bruto de vários automóveis pela AAC criando um modo indireto de pagar aos dirigentes associativos que, assim, se aproximam cada vez mais dos “carreiristas” das Juventudes políticas, sonhando com empregos e não com trabalho. Mas que Associação de Estudantes europeia dá automóveis para usufruto?

Este tempo imenso de bebedeiras e de ausência de exigência terá reflexos. Os pais não vigiam, as escolas demitem-se por força das leis, os filhos perderam as referências e, portanto, a ausência de mestres e de condutas apropriadas estão a afundar o que pagamos num caldo desconforme. Meninos porcos, que deixam as casas por onde passam imundas, impróprias, gente sem os mínimos de higiene e de decoro, sem cultura alguma, sem elevação nenhuma, a quem nada foi exigido pelos pais incompetentes.

A Universidade não educa mas pode exigir, vigiar, dar mais trabalho, carregar com a função que é devida a esta gente, que é aprender, ler, estudar e partilhar cultura. Sem função estamos no reino da indigência e do comportamento inaceitável. Não há faltas nas aulas? Estes vadios que pululam às cinco da manhã não têm qualquer função ativa na sociedade? Como pode trabalhar quem se arrasta para casa à hora do sono?

Grave foi que os Politécnicos queriam tanto ser doutores que se colaram à Queima das Fitas e à Latada da Universidade de que eram concorrentes óbvios. Assim, temos um caldo de capas e batinas, ausência de tradições próprias e uma mistura de gente bêbada que se iguala por baixo. Uma vergonha que vai doer ter de tratar.

Por: Diogo Cabrita

Comentários dos nossos leitores
Gervásio Sardinha amorifico-44@hotmail.com
Comentário:
Tá bem abelha. Velhos do Restelo com repúdio por tudo o que já lhes é longínquo temos muitos, ponha-se na fila.
 

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