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A união faz a força

Se é articulação ou fusão ainda não se sabe, mas o futuro do ensino superior na região deverá passar por uma relação mais próxima entre os Politécnicos da Guarda e de Castelo Branco e a Universidade da Beira Interior

Os dados estão lançados. A Universidade da Beira Interior e os Institutos Politécnicos da Guarda (IPG) e de Castelo Branco (IPCB) têm de decidir até dezembro como será a sua relação no futuro. O resultado deverá ser a articulação ou fusão entre as três entidades, proposta avançada pelo secretário de Estado do Ensino Superior. Os responsáveis da UBI e IPG mostram-se recetivos, mas deixam o aviso de que não é suficiente.

O secretário de Estado do Ensino Superior esteve na Guarda a semana passada e reiterou que a proposta governamental passa pela reorganização, o que já foi adiantado aos reitores e presidentes. «A carta enviada abre a porta a fusões entre qualquer tipo de instituições», afirmou José Ferreira Gomes à rádio Altitude, sublinhando que «têm de ser encaradas várias hipóteses». Já em relação ao “abismo” entre o litoral e o interior, o secretário de Estado defende que a solução não é “mexer” na oferta, mas sim «assegurar estímulos» para atrair alunos. O governante lembrou ainda os estudantes do ensino secundário que frequentam cursos tecnológicos, apresentando como possibilidade uma «via superior para esses jovens».

O presidente do IPG mostra-se satisfeito com o arranque da discussão, mas sublinha que esta ainda não é «uma solução em concreto» para a falta de alunos. «Só por si não vai resolver o problema, são precisas mais medidas», disse Constantino Rei a O INTERIOR, ressalvando que «não acredito em soluções regionais». O responsável não tem dúvidas de que os problemas devem ser trabalhados em conjunto: «Não depende apenas das instituições ou só do Ministério – tem de ser em conjunto», reitera. Embora reafirme a sua disponibilidade para dialogar com a UBI e o IPCB, Constantino Rei destaca que «uma articulação mais próxima pode contribuir e fazer parte da solução, mas não chega», considera. A reorganização tem de ter uma base nacional e abrangente, pelo que é preciso garantir que isso aconteça: «Não adianta coordenarmos a oferta se o resto do país continuar a oferecer as mesmas formações e a aumentar ou manter as vagas», frisa. E o presidente do IPG já o transmitiu a Ferreira Gomes: «Disse ao secretário de Estado, a título de exemplo, que o regime jurídico prevê um coordenador do ensino superior que nunca esteve em vigor», adiantou, acrescentando que este «poderia propor articulações numa perspetiva nacional. É isso que tenho defendido», declarou.

Também o reitor da UBI está disponível para falar com os “vizinhos”, realçando a importância de decidirem, em conjunto, o melhor para todos: «A reorganização deve, em primeiro lugar, passar por uma iniciativa das instituições», disse António Fidalgo a O INTERIOR, considerando que «é melhor que estas se entendam antes que a tutela nos imponha soluções de cima para baixo». O professor catedrático de Ciências da Comunicação indicou que, no que diz respeito ao interior, «há disponibilidade dos responsáveis para trabalhar nesse sentido», dando como exemplo as Universidade de Aveiro e do Algarve, já que «ambas têm escolas de ensino universitário e politécnico». Ainda assim, António Fidalgo lembra que «só por si, a integração ou articulação das instituições de ensino superior da Beira Interior não é solução para a falta de alunos».

Para o responsável, o futuro das três instituições depende dos «apoios sociais aos estudantes do litoral para estudarem no interior», reiterando que se trata de um «problema demográfico que tem de passar por uma ação determinada do Governo para o repovoar e equilibrar Portugal». Por sua vez, Carlos Maia, presidente do IPCB, mostra-se favorável à mudança de nome das instituições. No âmbito da sessão comemorativa do 33º aniversário do politécnico, o responsável referiu que «a melhor designação seria considerá-los como universidades de ciências aplicadas».

Sara Quelhas O presidente do IPG mostra-se disponível para dialogar com a UBI e IPCB.

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