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«A sociedade civil deve tomar conta do ensino»

D. Manuel acredita que só assim haverá projetos educativos «a nivelar por cima», num país que «enferma um bocadinho da mediocridade» em termos de ensino

Numa altura em que o Governo está a reduzir os apoios ao ensino particular e cooperativo, o Bispo da Guarda acha que é o momento da sociedade civil «tomar conta do ensino».

O desafio foi lançado no último sábado perante os antigos alunos do Colégio de S. José, com quem D. Manuel Felício partilhou a ideia da Guarda voltar a ter uma instituição similar. A O INTERIOR, o prelado explicou que «não se trata de fazer o Estado gastar mais dinheiro, mas melhor, porque realmente não o está a gastar bem». O Bispo da Guarda acrescentou que, até agora, o Estado não tem sabido contar com a sociedade civil em matéria de educação: «Se o fizer, certamente que vamos ter melhores resultados e vamos ter redução de custos, essa é a minha convicção e a prática tem-no demonstrado, embora a informação oficial queira aparentar o contrário, embora ninguém sabe até agora os custos reais do ensino público em Portugal», declarou. Para D. Manuel está claro que o futuro do país também se joga neste tabuleiro, daí o repto. «A sociedade civil tem que tomar conta do ensino se queremos ter um ensino de qualidade, que não temos, e um ensino ajustado à nossa realidade», considerou.

E acrescentou que «não passamos da “cepa torta” enquanto não tivermos a coragem de despir a ideologia e irmos diretos aos problemas para os resolver com os recursos que temos – e temos muitos – para termos os melhores resultados». Dizendo que na Guarda há condições para se criar um colégio privado, «só é preciso criar condições e motivar as pessoas», o Bispo entende que falta um ensino «com projeto educativo a nivelar por cima» para Portugal sair da crise. «Há décadas que estamos a nivelar por baixo, esse é o nosso drama, até no próprio ensino universitário. O nosso país enferma um bocadinho da mediocridade a nível de projetos de ensino», lamentou. Nesse sentido, defende que «só o ensino de qualidade e exigência é que pode dar futuro à nossa sociedade», sendo que o antigo Colégio S. José era «um bom exemplo desse rigor e preparação». Mas não só, para D. Manuel também há os há na atual rede de ensino. «O que é preciso é potenciar esses bons exemplos e travar os maus, mas isso é a função do Estado, que deve ser árbitro e não o promotor», defendeu.

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        ensino»

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