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A Serra da Estrela encanta ou desencanta?

Nos jornais regionais do final do mês de Julho falou-se muito sobre a serra e as suas estruturas, sobretudo do saneamento.

Dizia o presidente da Câmara da Covilhã que os esgotos do hotel e dos “chalets” estavam já ligados à rede geral da cidade e que não iam para a ribeira das Cortes, o que é de louvar. Dizia também o Sr. presidente que estava a surgir nas Penhas da Saúde uma autêntica aldeia de montanha. No dia em que os ciclistas chegaram à Torre, longe da cidade e da serra, ouvi algumas entrevistas na RTP com pessoas ligadas ao turismo da Serra da Estrela, com destaque para Artur Costa Pais, que disse, entre muitas outras coisas, que a Serra estava diferente porque, no Inverno, não se viam sacos de plástico espalhados pela serra e, no Verão, não havia restos de comida.

É fácil falar-se assim para o país; mas quem conhece a Serra, como nós conhecemos, que passeamos por sítios pouco vistos, e não só, sabemos que tudo isto não corresponde à verdade total. Não é preciso irmos muito longe, basta passear junto ao hotel da Serra da Estrela e ver o que por lá se passa: casas de banho ao ar livre, colchões velhos atirados à rua, fogueiras que se fazem entre as rochas nas quais ficam garrafas vazias e outras tantas coisas, contentores cheios de lixo sem que os responsáveis pela sua recolha tenham o cuidado de os retirar em tempo oportuno, restos de madeira e móveis velhos que nesta altura do ano são autênticos barris de pólvora.

O director do Parque Natural da Serra da Estrela disse também que o «turismo na Serra tem grandes potencialidades» e que «na Serra se faz turismo sazonal, sendo que por essa razão há falta de consciência ambiental». Neste caso há que combater essa falta de civismo de algumas pessoas que fazem turismo sazonal, através de várias sensibilizações que competem aos organismos responsáveis. Só é pena que a reportagem da RTP nos mostrasse só as fachadas dos “chalets” de montanha e não tudo o que está à volta. Será isto um forma de vermos a nossa Serra?

Maria Odete Inácio, Covilhã

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