1 – Independentemente do “porreirismo” do actual Presidente da República, somos confrontados com declarações que nos deixam estupefactos. “É simbólico que seja um governo de esquerda a decidir e um PR de centro-direita a dar chama a esta homenagem” ou aquela “desiludam-se aqueles que pensam que o PR vai dar um passo para provocar instabilidade até às autárquicas”. Pois bem na passada sexta-feira mais uma. De visita à ABRAÇO, Marcelo, disparou “Um país que não é muito dado a tradições associativas…”
Em finais do século XVIII aparecem primeiras as associações de socorro mútuo estendendo-se à criatividade, desporto e artes. A evolução das associações tem quatro fases: Monarquia Constitucional, 1ª República, Estado Novo e 25 de Abril. O Estado reconhece em 1976 a autonomia do movimento associativo. Segundo a Confederação de Colectividades existem mais de 28 mil associações com a participação de 3 milhões de portugueses onde 300 mil exercem funções directivas, criando cerca de 50 mil postos de trabalho, envolvendo 1/3 da população e, vem agora o senhor Presidente da República dizer que o País não é dado a tradições associativas…Haja Deus.
2 – Com o Brexit a iniciar vem aí a candidatura à instalação da Agência Europeia do Medicamento. Criada em 1995, esta Agência tem por finalidade a protecção, promoção e supervisão da Saúde Pública, do medicamento para uso humano e veterinário, A sede é em Londres e, com a saída do Reino Unido da União Europeia há necessidade de se encontrar um Estado-Membro que a acolha. Portugal já formalizou a sua candidatura tendo a Assembleia da República aprovado, por unanimidade, a eventual instalação na capital do País.
Sou um descentralizador nato mas reconheço que mais nenhuma outra cidade tem condições para acolher a Agência. Quatro mil peritos em circulação. 350 dormidas/dia. 300 mil dormidas/ano. 36 mil visitantes. 1.000 funcionários. 650 escolas. Ligações áreas, etc. etc. etc. Portugal tem duas Agências europeias (a da droga e da segurança marítima) e esta vai ser instalada num Estado-Membro que não tenha ainda qualquer Agência Europeia. Para além disso a dificuldade da candidatura lusa prende-se com o dinamismo científico na área da saúde. O nosso País é aquele que dedica menor percentagem do PIB à investigação científica. Tudo somado e assim sendo…
3 – Pedro Sanchez é outro dos protagonistas da semana. Depois de ter vencido os velhos barões do PSOE é reconfirmado como Secretário-geral no 39º Congresso socialista, quer seguir o exemplo português, faltando-lhe contudo apoio no Parlamento para destituir os conservadores do Partido Popular e Mariano Rajoy, sem dúvida o pior Presidente do Governo que Espanha conheceu. Sanchez optou por levar para a direcção do partido o seu opositor Patxi Lopez deixando a outra candidata, Susana Dias, de fora. O PSOE necessita agora de se reunificar e, com Sanchez, retoma o rumo de um partido da esquerda moderna e europeia.
4 – Manuel dos Santos depois da guerra com Pizarro e com a estrutura do PS/Porto, alcunha agora de “cigana” Luísa Salgueiro, candidata à Câmara de Matosinhos, não só “pelo aspecto” mas também “como pagamento de favores que recebe com votos alinhados dos centralistas”. Desta vez o homem passou-se. Não nos bastava já a pouca vergonha angolana de um Parlamento alinhado a defender um presidente emérito com pensão vitalícia e imunidade diplomática. José Eduardo dos Santos para além de ter sido um reizinho e ditador milionário, ao que parece, irá continuar com todas as benesses, com receio de um dia pagar por todos os erros, vicissitudes e crimes cometidos e, isto numa república que não é de bananas, mas que se intitula popular. É de bradar aos céus.
5 – Oito anos depois, Portugal, sai do Procedimento por Deficit Excessivo (Deficit superior a 3% do PIB). A partir de agora a dívida deverá obedecer a uma trajectória descendente, apresentando redução anual, retomando o nosso País regras de flexibilidade no investimento público e reformas estruturais. Por cá Passos colou-se oportunisticamente e o cinismo da chefe dos proxenetas mundiais, Lagarde, é o mesmo do sorriso amarelo de Schauble que desta vez não foi capaz de dizer a Centeno “Oh pá, precisas de mais umas coroas”.
6 – O destaque vai ainda para a homenagem que todos temos de prestar a Herlmut Kohl, o Homem que uniu a Alemanha. De mãos dadas com Miterrand acabou com a velha Comunidade Europeia e criou a União Europeia. George Bush classificou-o como “o maior líder europeu da segunda metade do século XX” e contrasta com a decisão do actual que rasga o acordo Estados Unidos/Cuba. Mais uma de Donald. Sinceramente não sei se chegará até ao final do ano sem se iniciar o processo de destituição. (Peca só por tardio).
7 – Por último a homenagem às vítimas de Pedrogão Grande. É necessário e urgente perceber o que ali sucedeu…para que nunca mais aconteça.
Por: Albino Bárbara