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A segunda casa de Eduardo Lourenço

Cavaco Silva inaugura nova biblioteca municipal da Guarda no Dia da Cidade, a 27 de Novembro

Eduardo Lourenço vai dar-lhe o nome, mas já fez muito mais ao doar três mil livros do seu espólio pessoal. Por isso, em homenagem, as salas da nova biblioteca municipal da Guarda vão designar-se com títulos da obra do filósofo e ensaísta de São Pedro de Rio Seco, no concelho de Almeida. Está quase tudo pronto para a abertura oficial, marcada para dia 27, data em que o município vai atribuir a medalha de ouro da cidade ao pensador.

Situada na Quinta do Alarcão, a poucos metros do centro e do Teatro Municipal da Guarda (TMG), a sua inauguração marca «o fim de um ciclo de construção de espaços culturais de qualidade na cidade», adiantou o vice-presidente da autarquia. A autarquia gastou mais de dois milhões de euros nesta obra que esteve parada várias vezes. A demora na sua conclusão ficou a dever-se à falência dos dois primeiros construtores, mas à terceira foi de vez. «Tudo está bem quando acaba bem», admitiu Virgílio Bento. O também vereador da Cultura orientou, na última segunda-feira, uma visita guiada pelo equipamento, construído de raiz, considerando que «honra o pensamento do seu patrono». A futura Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço vai ser inaugurada pelo Presidente da República no Dia da Cidade, mas nem todos os livros estarão nas estantes.

Desde Junho que está a decorrer o registo, catalogação, indexação e classificação dos cerca de 130 mil livros existentes, uma fase que ainda não está concluída. A grande maioria transita da velha biblioteca, fundada em 1880, sendo que os mais antigos – as actas sinodais do antigo episcopado datam do século XV, por exemplo – passaram por um processo de desinfestação para eliminar fungos e ácaros. Dada a sua provecta idade, parte deste fundo só poderá ser consultado mediante reserva prévia. O restante, cerca de 30 mil obras, estará acessível sem condicionalismos, sendo que o município adquiriu recentemente perto de oito mil. A estes juntam-se mais três mil livros dos espólios de Eduardo Lourenço e seis mil da Fundação José Carlos Godinho de Almeida. «Os investigadores têm aqui boas condições para consultar estes documentos, que serão digitalizados futuramente», anunciou a coordenadora da biblioteca.

Ana Maria Pessanha revelou ainda que, actualmente, este método está a ser aplicado à extensa colecção de jornais locais e nacionais, cuja consulta passará a ser feita em formato digital. Quanto ao edifício, inclui um auditório multiusos e duas salas principais de leitura. O primeiro vai chamar-se “Tempo e Poesia”, a sala de leitura infanto-juvenil será “Nós como futuro” e o espaço para adultos “A Nau de Ícaro”. É nesta área que estarão expostos os livros vindos da biblioteca particular de Eduardo Lourenço, que versam sobretudo de Filosofia, História e Literatura. Há ainda uma sala do conto, uma zona de tratamento técnico e a Livraria Municipal, que funcionará no rés-do-chão. A par deste equipamento, continua na estrada o serviço de biblioteca itinerante pelas freguesias. «As crianças serão o nosso público prioritário de intervenção», anunciou Virgílio Bento, revelando que o objectivo é trazer três mil alunos do pré-escolar e do ensino básico do município até ao final do ano.

Luis Martins

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