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“A rua é do povo”*

A Guarda vai acordar com novas mensagens espalhadas pelas ruas da cidade. “A rua é do povo” e usufruímos desse direito através do mural com mensagem politica, rejeitamos a analise desta ação como um ato de vandalismo, queremos consciencializar os guardenses. Não somos parvos nem rascas porque não aceitamos a precariedade como forma de organização do trabalho. Desconfiamos de quem nos diz que «tem que ser assim» e «este é o único caminho» acenando com a chantagem da falta de patriotismo. Este país também é nosso não nos obriguem a imigrar. Temos direito a cá viver e trabalhar. Exigimos pluralidade de opiniões porque sabemos que é nesse confronto que se encontram caminhos. Não aceitamos o pensamento único e sabemos que chegámos até aqui porque foram feitas escolhas: decidiram converter as pessoas em clientes e contribuintes. Nós dizemos que essas escolhas são erradas.

Quem somos? Não importa quem somos, mas o que nos leva a tomar tais atitudes. Estamos fartos de falta de oportunidades e negamos esta política que nos condena à precariedade com discursos mentirosos (como o do presidente da Câmara da Guarda), que promovem precariedade pois só sabem governar a curto prazo sem pensar em promover uma sociedade sustentada e sustentável: “Os tempos são outros (…) os jovens têm de perceber que já não há emprego para a vida…”

Condenamos o facto de o ensino que devia ser público e tendencialmente gratuito ser cada vez mais etilizado e caro com constantes subidas de propinas, recusamos o conformismo de gabinete e recusamos palmadas nas costas de quem nos rouba direitos, devido ao conformismo e oportunismo.

“A ação social não existe em Portugal”. Estamos também fartos de investir em formação para encarar o desemprego ou precariedade e ofende-nos ouvir dizer que a culpa da nossa precariedade é dos direitos que a geração anterior conquistou. Somos gente que defende o trabalho digno e com direitos, independentemente da idade e habilitações literárias. Somos gente que está farta de ter a vida congelada e o futuro, nosso e dos nossos filhos, adiado. Porque não nos resignamos, protestamos. Exigimos respeito e reclamamos o direito à dignidade e ao futuro. Não nos falem de austeridade, falem-nos de justiça.

* título da responsabilidade da redação

Grupo de leitores devidamente identificados, Guarda, carta recebida por email

“A rua é do povo”*

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