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“A Rentrée”

Crónica Política

De uma forma quase inconsciente, habituamo-nos a dividir o nosso ciclo de actividade anual em dois grandes períodos, sendo um o que decorre desde o Natal e fim de ano até à época das férias, por altura do verão, e o outro, que se lhe segue e termina com o início do primeiro.

Assim, o final de um qualquer ciclo, como estes, que agora refiro dada a sua oportunidade, é sempre um momento propício para reflectir sobre a actividade desenvolvida, avaliando os seus eventuais méritos, mas sobretudo analisar os compromissos que ficaram por realizar, ou os erros que entretanto se cometeram.

Este balanço leva-nos a tê-lo em conta na definição dos novos propósitos para o período seguinte e como tal, à reconstrução da vontade em virmos a superar com êxito estes novos desafios.

Se tudo isto é verdade nos vários domínios da nossa vida pessoal e profissional, também o mesmo se pode afirmar a nível da actividade política.

Habituados que estamos a que a política seja cada vez mais um produto que, como qualquer outro, depende das campanhas de marketing, aquilo que dela resulta não são os resultados efectivos da sua actividade, traduzidos em projectos concretos, mas sim a forma como o eleitorado vai oscilando nas suas intenções de voto reveladas nas sondagens periódicas.

Tal significa que para muitos políticos a arte está em saber “vender” expectativas, mantendo a chama acesa dessa credibilidade popular, da mesma forma e com as mesmas técnicas que se vende uma qualquer pasta de dentes.

Vem tudo isto a propósito das muitas promessas que nas últimas campanhas vimos apregoadas, escritas em painéis e juradas a pés juntos, tanto da parte da autarquia como dos deputados e responsáveis políticos do PSD.

A este propósito será sempre incómodo recordar tudo isso, até porque estamos em vias de entrar em novos períodos eleitorais, que irão seguramente reeditar as mesmas promessas, agora com juras juradas que desta vez é que é.

As várias movimentações que se assistem nos partidos PS e PSD, levam-nos a supor que não irá haver grandes alterações no que se refere aos seus responsáveis, pelo que, salvo surpresas sempre possíveis, os nomes e os estilos que irão estar em confronto nas próximas autárquicas serão a repetição dos que vimos na anterior campanha.

Sem pretender aqui emitir qualquer opinião qualitativa quanto a este novo confronto, não deixo de estar profundamente convencido que serão sempre as obras e o cumprimento das promessas eleitorais que irão ditar as diferenças, e como tal a atitude do eleitorado.

É pois por isso que me parece oportuno insistir quanto à concretização de projectos tais como o novo Hospital, os lugares de estacionamento, o PÓLIS, a Plataforma Logística e a recuperação do Centro Histórico, entre outros, para os quais não basta só anunciar o seu início ou lançar a primeira pedra, para garantir a sua conclusão.

Julgo que o sentimento colectivo é cada vez mais a exigência da obra feita, a par de uma grande falta de crença nas capacidades dos guardenses e potencialidades da nossa região.

Espero pois que nesta retoma da actividade, com as energias retemperadas pelas férias, algo venha a mudar e as obras e promessas comecem a ser concretizadas.

Apesar de tudo acho que todos nós merecemos isso e os políticos devem também merecer-se ao respeito da palavra.

Por: Álvaro Estêvão

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