Arquivo

«A relação que tenho com a pedra é muito forte»

António Oliveira “ocupa” uma escadaria na Praça Velha, na Guarda, há vários anos, onde esculpe as suas obras

A sua presença, numa escadaria junto à Sé Catedral da Guarda, já não é estranha aos guardenses. É lá que podem encontrar António Oliveira, esculpindo vários tipos de granito da região, faça frio ou faça sol. A residir em Cavadoude, uma aldeia das proximidades, o artista desloca-se para aquele local, em pleno centro histórico, quase “religiosamente”.

A justificação é simples: «A Catedral é o ex-libris da cidade, onde passam pessoas de todo o mundo, então tenho mais possibilidades de verem o que crio», disse António Oliveira a O INTERIOR. A partir do coração da Guarda, as peças da sua autoria viajam «por esse mundo fora, mas não muito, porque produzo muito pouco», conta. No entanto, o escultor recusa falar em negócio: «Não é uma venda, é uma troca justa que faço com as pessoas», justifica, salientando que «elas têm de gostar mesmo da obra e a obra tem de comunicar com elas». «Não gosto nada de pensar nessas questões», confessa António Oliveira.

O tempo passa mas não o define, pois «é efémero». Talvez por isso tenha escolhido a pedra para criar os seus trabalhos: «É eterna, vai ficar cá para sempre», frisa o criativo. «As próprias pedras são a minha inspiração, nunca sei o que vou criar», afirma. Os traços cravados no granito, que António Oliveira desvenda a cada batida, influenciam a conclusão da obra. «A relação que tenho com a pedra é muito forte», considera o escultor, referindo que «todos os granitos têm veios diferentes e temos de os interpretar: é como abrir um mapa». O processo criativo desenvolve-se com naturalidade: «Vou às veias das pedras para ir ao coração e elas me darem as belas formas que nascem naturalmente», ilustra. Quanto à que mais o marcou, a resposta é pronta: «A que mais me marcou é aquela que ainda está por criar, estou sempre ansioso por criar coisas novas», garante o escultor. «Gosto de continuar no meu cantinho a criar e aguardar por alguém que venha», vinca.

Veja mais em www.ointerior.tv

Sara Quelhas «O frio é um estado de espírito», brinca o autor

Sobre o autor

Leave a Reply