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A região está melhor, mas não chega*

Opinião

Dezassete anos de vida de um jornal é uma vida longa especialmente neste NOSSO INTERIOR. Felicito-o, portanto, pela longevidade, pela devoção e créditos granjeados para o título e para a nossa região.

É bem oportuno citar o autor, quando nos diz que «o tempo é o único capital das pessoas que têm como fortuna apenas a sua inteligência». É assim que acontece aos servidores da causa pública e, principalmente, aos autarcas, aos fazedores de opinião, como O INTERIOR, e aos amantes das suas terras e gentes em territórios de baixa densidade populacional e afastados da cobiça dos buscadores de poder pelos votos.

Há 17 anos, era eu presidente da Câmara de Manteigas, no meio do segundo mandato. Era um tempo em que as preocupações passavam, essencialmente, por necessários investimentos em infraestruturas, o país cavalgava a sua aproximação à Europa e esperava-se um desenvolvimento induzido e sustentado pela transferência de dinheiros europeus: fazer obras, estender betão e abrir acessibilidades. Tempos em que logo se percebeu que os investimentos se destinavam quase apenas aos grandes centros urbanos e uns restinhos acabariam por chegar ao Interior. Anteviam-se dificuldades no equilíbrio territorial e o país ficaria cada vez mais inclinado para o mar. Eram tempos de expetativas moderadas, que apesar de tudo acabariam por nos aumentar o alento; tempo de reclamar igualdade de oportunidades.

A imigração intensificava-se e as grandes urbes são a terra prometida e que nos privam do que temos de melhor. as pessoas.

Muitos de nós ficaram sem arredar pé e outros, como O INTERIOR, aparecem dando voz aos insatisfeitos e aos expectantes e defendendo novos desígnios.

Era preciso mais e melhor saúde; era preciso mais e melhor educação; eram precisas mais e melhores acessibilidades.

Arrancadas a ferro, algumas das necessidades foram supridas, mas, as pessoas, essas, foram partindo, umas, e envelhecendo outras. Apesar de tudo, 17 anos depois, continuamos a nossa “cruzada” sem dramatismo exagerado, mas com o mesmo espírito de reivindicação e luta e acreditamos que estamos melhor, mas não chega. Isto, só não vê quem não quer ou quem não tem uma visão séria do país que precisa de um plano pragmático exequível que permita igualdade de oportunidades para todos.

Foram e são 17 anos de aposta na inteligência e bem-estar, como demonstram os níveis de formação e qualificação, particularmente no ensino superior; foram as novas unidades de saúde e de apoio às crianças, jovens e idosos; foram as acessibilidades; foi a qualidade e defesa do meio ambiente; foi a exigência sistemática de sermos portugueses por inteiro; foi o firmar de um novo paradigma de que somos capazes e temos condições, que é preciso transformar em produtos, atraindo e cativando novos investidores e investimentos.

Continuamos atentos e empenhados e, como diz o ditado japonês, “há três coisas que não voltam atrás: flecha lançada, palavra dada e oportunidade perdida”. Estamos com O INTERIOR. Parabéns!

* Título da responsabilidade da redação

Por: José Manuel Biscaia

** Presidente da Câmara Municipal de Manteigas

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