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A propósito das Cidades Digitais

No seu número 385, de 10 de Maio, publicou “O Interior” um artigo intitulado “Cidades Digitais”, em que se afirmava: “A Guarda aderiu à iniciativa Cidades e Regiões Digitais…” e mais adiante: “Aos que agora iniciam o projecto Guarda Distrito Digital pede-se…”

É certo que o ilustre colunista não refere, expressamente, tratar-se de um processo nascido agora, ab ovo. Todavia, porque quem lê o artigo pode pensar isso e porque é saudável dar a “César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, permitam-me uma pequena e, conseguintemente, muito sucinta informação. O programa Cidades Digitais foi lançado em Fevereiro de 1998 pelo Primeiro-Ministro António Guterres, numa cerimónia que teve lugar em Aveiro. O programa organizava-se em duas fases. A primeira, a decorrer em 1998 e 1999, integrava uma vertente limitada de vectores de intervenção e um número reduzido de cidades (Aveiro, Bragança, Marinha Grande e periferia de Lisboa). A segunda, a desenvolver nos seis anos seguintes, pretendia abranger todas as regiões do país.

A inclusão da Guarda teve lugar nesse mesmo ano, logo após a deslocação que o ministro da Ciência e Tecnologia, prof. Mariano Gago, fez ao distrito. De salientar ainda que, enquanto as quatro zonas acima referidas foram escolhidas pelo Governo central, a Guarda integrou o programa por iniciativa própria. O projecto, denominado Guarda – Cidade Digital e liderado até determinada altura pelo Governo Civil da Guarda, incluiu seis acções (criação de um pólo distrital para a Sociedade da Informação, Internet na Escola e criação de um PoP no IPG, Teleconsulta de Cuidados de Saúde Primários, Laboratório de Teletrabalho, Guarda Net, O Ensino na Sociedade da Informação). E contou com uma disponibilidade financeira superior a 70 mil contos, integrando o Governo Civil, a Câmara Municipal da Guarda, o IPG, a Sub-região de Saúde da Guarda, o Nerga, a empresa Dom Digital e a Portugal Telecom.

Outras actividades merecem registo, como o trabalho de mais de 100 páginas intitulado “O Distrito da Guarda e a Sociedade da Informação”, a realização do FIT’98 (Fórum de Informática e Telecomunicações) e a constituição da Associação Distrital para a Sociedade da Informação (ADSI). Desde então, a Guarda deixou, infelizmente, de estar em palco. Por isso, pelo tempo perdido e pela oportunidade do apelo, tem o articulista toda a razão. Aprenda-se com as falhas e desinteresses do passado. Esteja-se mais atento a oportunidades de investimento. Trabalhe-se primeiro e critique-se depois.

Carlos de Sousa, Guarda

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