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A propósito da injustiça

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Os direitos da pessoas devem ser imparciais, devem ser de fácil acessibilidade, devem ter fronteiras e sobretudo devem conhecer o respeito alheio se em contacto com os direitos dos outros. A intromissão constante, a parcialidade frequente, o desleixo, a negligencia transportam uma agressão na linha de fronteira e é essa realidade que leva à reação. A vida é muito ação e reação, freio e acelerador, mas pode ser razoável se houver “tolerância descomprometida” (não consenso) se permitir a remoção de “injustiças evidentes”, se identificar e reduzir as “injustiças superáveis”.

É mais violento o trabalhador que fez todo o trabalho só, ou o tipo que o deixou só quando era seu dever trabalhar conjuntamente? É mais violenta a reação do que trabalha na solidão ou o facto de ter sido desrespeitado? É mais injusto o revoltado ou o absentista? Na verdade, a violência está no ato da ausência, do descompromisso com a tarefa, da forma negligente da participação.

Por isso dizem conflituoso o que reage, omitem o que falha, frequentemente branqueiam o irrazoável. A vida prática é esta batalha que travo contra os abusadores, contra os prevaricadores constantes, contra os que entendem ter mais direitos que os demais, que transportam um ego doente e indolente. Por vezes refugio-me na leitura de Amartya Sen ou John Rawls em busca de um discurso razoável, mas acabo preferindo a agrura e a aspereza. A justiça vai lenta e a falta de velocidade é por si só violenta.

Por: Diogo Cabrita

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