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A Ponte Pedonal e sua amiga Passadeira

Lado a lado, a ponte pedonal e a sua amiga passadeira, parecem um duo absurdo e improvável, pois a existência de um, deveria anular, automaticamente, o outro, o que até agora não aconteceu, mostrando a ponta do “iceberg” do marasmo, económico e funcional, em que os nossos responsáveis andam atolados.

Passado mais de um ano sobre a inauguração, com pompa e circunstância, da ponte pedonal mais cara do país, seria de esperar que esta monopolizasse o tráfego pedonal ascendente e descendente entre a avenida cidade de Salamanca e a avenida de S. Miguel, permitindo o atravessamento, em segurança, da VICEG, a qual apresenta, naquele ponto, um tráfego considerável. Foi para isso que foi construída, para além de nos permitir mostrar que, como cidade, gostamos de armar ao pingarelho. É, também, por esta mesma razão que, há mais de um ano, estoiramos milhares de euros, de uma forma inútil e nada ecológica, com a iluminação dos terrenos, desertos, da PLIE. Se ao menos, estes postes, iluminassem as centenas de camiões que, já aí poderiam ser estacionados… Em vez disso, temo-los, ostensivamente, a poluir visual, sonora e quimicamente a freguesia de S. Miguel…Mas isso são contas de outro rosário.

Voltando à “vaca fria”. Se se recordam, a colocação de uma passadeira numa rotunda, numa via de cintura (interna), com semaforização, pareceu uma aberração. Não conheço outros casos semelhantes no país. No entanto foi um mal necessário, pois a segurança dos peões estava em primeiro lugar. No entanto, esta passadeira, foi sempre considerada provisória pelos responsáveis, até que se construísse uma passagem aérea, o que veio a acontecer alguns anos depois.

O que é incompreensível é o facto de ninguém, até à data, se ter dado ao trabalho de acabar com esta passagem provisória, agora que já existe uma alternativa mais segura. Andarão preocupados com outras coisas? A PLIE? As rotundas não ajardinadas? O excesso de Centros Comerciais? O marasmo económico? A falta de escolas do ensino básico que, de uma forma irresponsável foi negligenciada? O facto do Sócrates não ter correspondido aos anseios do seu amigo e de todos os munícipes que nele votaram? A venda dos lotes da PLIE a vinte e cinco euros o metro quadrado, que afasta pequenas e médias empresas? Eu sei que são muitos problemas para serem resolvidos, mas alguns têm resolução tão fácil que se tornam absurdos por ninguém os resolver, até que aconteça uma catástrofe. O atropelamento de um dos nossos filhos. Aí os responsáveis não vão ter qualquer hipótese de se desculparem perante os pais e familiares. Porque, mesmo ao lado desta passadeira está disponível, há mais de um ano (!), uma forma de atravessamento totalmente segura. O que separa o bem do mal? Desleixo, talvez. Irresponsabilidade, sem dúvida. A solução é tão simples, aparentemente, como, apagar a passadeira, desmontar os semáforos e bloquear o atravessamento da VICEG a peões, de modo a obrigar à passagem pela ponte pedonal. Ficam todos a ganhar. O fluxo de tráfego melhora, o risco de atropelamento reduz-se a zero e a ponte passa a ter uma utilização obrigatória e não facultativa, do tipo, “deixa-me cá ver as vistas do Polis”, como tem acontecido até agora. Que alguém se mexa antes que seja tarde!

Por: José Carlos Lopes

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