Lançadora tem a quarta melhor média mundial, entre homens e mulheres, e no primeiro fim-de-semana de abril, em Castro Daire, vai tentar revalidar o título conquistado em 2013.
Nasceu em Manteigas, mas foi na Guarda que começou a «lançar umas setas», como gosta de dizer. Tudo começou por brincadeira em maio de 2012 e Fátima Cunha estava longe de imaginar que no ano seguinte seria convocada para a sua primeira competição oficial, em Albufeira, da qual regressou com o título de campeã nacional em dardos. Foi o princípio de uma paixão.
O trabalho como auxiliar na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda não lhe deixa muito tempo para o desporto, mas Fátima Cunha arranja «sempre um espacinho nos tempos livres» para afinar a pontaria e lançar uns dardos. Porém, hoje, mesmo mantendo o seu lugar no pódio, o grande objetivo é «aumentar a família» das setas: «Continuo a competir, mas estou mais numa de incentivar novos jogadores», revela, constatando que «há mais gente a competir» na cidade mais alta. «Durante três ou quatro anos eu era a única da Guarda a competir. Na última prova já fomos onze», refere, orgulhosa. Mas a primeira mulher a jogar neste desporto no distrito da Guarda também conseguiu incentivar outras mulheres: «Foi uma luta porque, sobretudo aqui no distrito, era um mundo de homens», lembra a campeã.
Mas qual é o segredo para lançar setas? «Não há», responde Fátima Cunha, adiantando que «é tudo uma questão de concentração, afinar pontaria e corrigir posições». Embora muitos nem sequer imaginem, este é um desporto de superação. É por isso que a jogadora guardense tenta elevar a fasquia. «Muitos dos treinos que faço são contra espanhóis ou americanos. Tento escolher alguém que jogue mais do que eu porque isso dá-me mais vontade de ganhar», justifica. Arrumar as setas já foi uma opção para Fátima Cunha, mas o “bichinho” não a deixou e por isso continua a lutar para se manter nos primeiros lugares. «Temos competição nas máquinas mensalmente. Quem se classifica nas oito primeiras posições faz um torneio online contra o resto dos classificados do país. É daí que saem os dois apurados para fazer uma competição presencial», explica a jogadora, cujo sítio de eleição para lançar umas setas é o Tuna Bar, na Guarda. «Aqui estou sempre em primeiro», confidencia, entre risos. Mas os bons resultados a nível de média nacional em mulheres – Fátima Cunha ocupa o segundo lugar do ranking – repetem-se a nível mundial. «Tenho a quarta melhor média, entre homens e mulheres», sublinha.
Por agora, a lançadora está de olhos postos na próxima competição, em Castro Daire, no primeiro fim-de-semana de abril. É aí que pretende renovar o título conquistado em 2013: «Estou a trabalhar para isso», assume Fátima Cunha, que sonha um dia realizar um dos próximos campeonatos na Guarda. «Estamos a batalhar para que isso aconteça, talvez no próximo ano. Os campeonatos são sempre feitos numa zona diferente do país», declara Fátima Cunha, que não se intimida por ser a jogadora mais “velha” na cidade, tanto na idade como no tempo de jogo. Antes pelo contrário, quer chegar mais longe. «Um dos jogadores que ainda lança dardos está quase com 70 anos. Quem sabe se não chego lá, se ainda tiver forças para isso», refere Fátima Cunha, acrescentando que nessa altura poderá já não ter tanta pontaria mas «nunca vou deixar de jogar».
Sara Guterres