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A politica monetária do Banco Central Europeu (BCE)

Figuras proeminentes da Economia , da vida social e política, têm vindo a defender, publicamente, que o BCE deve comprar dívida pública soberana dos países intervencionados pela “TROIKA”.

O BCE, tal como os Bancos Centrais dos diferentes países , são instituições ao serviço das economias dos respectivos Países. São eles que regulam a massa monetária, emitindo ou não, moeda, consequentemente, desvalorizando ou não, a dita moeda e definindo as taxas de juro de referência.

Se um Banco Central emitir mais moeda do que o PIB produzido pela Economia , desse país, está a aumentar a massa monetária fazendo com que os preços de mercado subam e gerem inflação.

Não compete a nenhum Banco Central adquirir dívida pública soberana, quando muito a emitir moeda para financiar a dívida pública desse país, desvalorizando a dita moeda, promovendo as exportações, com a diminuição dos custos de produção , gerando competitividade por esta via, e, consequentemente, aumentando o investimento, uma vez que o financeiro se sente diminuído no seu valor. Em simultâneo, deve o respetivo país penalizar fiscalmente a saída de divisas para o exterior e beneficiar a entrada de moeda estrangeira.

Ora, é missão do BCE defender as economias dos países que fazem parte da Zona Euro, exercendo a política monetária, da mesma forma que um qualquer Banco Central de outro país, (fora do Euro… entenda-se).

Compete ao BCE regular e controlar a massa monetária, valorizando ou desvalorizando a moeda, regular as taxas de juro, à medida que cresce ou arrefece a economia da Zona Euro.

Não compete ao BCE estar a comprar dívida pública soberana de países que nunca vão poder pagar as suas dívidas, sob pena de estar adquirir ativos tóxicos, beneficiando uns com o prejuízo de outros, com as consequências que todos conhecemos. (…)

Será que o BCE, com a sua política monetária, tem cumprido a missão para que foi criado?

Na nossa modesta opinião, por razões que se desconhecem, não o tem feito. Vejamos:

a) Tem desenvolvido uma política monetária assente no fortalecimento da moeda (Euro), o que penaliza as exportações da Zona Euro para o resto do mundo, aumentando os custos de competitividade, o que traz como consequência, falências e desemprego;

b) Baixou as taxas de juro a mínimos históricos, emprestando dinheiro a Bancos solventes, com taxas negativas, para emprestarem às dívidas soberanas, a taxas usurárias, o que empobrece ainda mais e impede a recuperação dos países da Zona Euro em dificuldades;

c) As taxas de juro negativas deslocam o capital para países, onde o capital é mais bem remunerado e que estão em franco crescimento, como é o caso dos países emergentes;

Com esta política monetária, o BCE não está a defender a economia da Zona Euro e está afundar ainda mais os países em dificuldades (…).

Não compete ao BCE comprar dívida pública soberana mas compete-lhe intervir na política monetária, emitindo moeda, distribuindo pelos países essa emissão, em função do PIB, para amortização das dívidas soberanas, desvalorizando o Euro para com ela reduzir os custos de competitividade e fazer crescer o investimento e as exportações na Zona Euro, gerando, inflação, obviamente.

A história tem demonstrado, que a inflação resolveu o problema da economia de vários países que entraram em dificuldades.… Não estaremos, hoje, perante tal situação?

A austeridade pela via dos impostos ou redução de salários, parece esgotada e só vai agravar: o investimento, por falta de liquidez e risco exagerado; a situação de insolvência das famílias, por perda de rendimentos; a dívida pública dos países em dificuldades, por quebra das receitas fiscais, etc.

Quem tem medo da moeda fraca? Os chineses, com moeda fraca, não são a segunda economia do mundo? (…)

Em conclusão: A Política monetária do BCE não está ao serviço da Economia da Zona Euro, como lhe compete.

Teodoro Farias, Figueira de Castelo Rodrigo

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