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A Pena de Morte e a Civilização

Em Portugal, a última pena de morte foi aplicada ao General Gomes Freire de Andrade, pela provada traição à Pátria, então em guerra com os invasores franceses.

A repulsa por tal medida, contrária à nossa civilização, acabou com tal penalização definitivamente. Hoje indignamo-nos com a condenação à morte de Saddam, por uma nação que se diz civilizada e democrática na sua governação. O nosso Presidente da República, foi o primeiro cidadão a discordar de tal barbaridade, perante a diversidade de penas que se podem aplicar em substituição da pena de morte. Na realidade, é o autor da vida que no-la pode tirar. Mas já anda por aí um movimento feminino, que não merece tal designação (as mulheres portuguesas já provaram que não querem a matança de inocentes na barriga das mães).

Quando vejo, algumas manhãs, pela televisão, no programa “Praça da Alegria” as famílias numerosas onde prevalece a gente pobre que teve de emigrar para angariar o seu sustento, bendigo as mulheres portuguesas que dão tão belos exemplos de trabalho e honradez. É que foram elas que cultivaram a grandeza de sentimentos que enobrecem o nosso País. São elas as mães dos Santos e dos Heróis que percorreram todos os mares do Mundo a espalhar a civilização de que nos orgulhamos. Tenho vergonha e nojo dos e das defensoras do aborto, quando me lembro que na aldeia onde nasci vi uma mulher transportar uma criança, que tinha dado à luz enquanto trabalhava na horta, ainda distante de casa, embrulhada numas folhas de couve, único agasalho de que dispunha para levar para casa o produto do seu amor nascido em tais circunstâncias. Foi mãe de muitos filhos, cujo paradeiro desconheço mas que, com certeza, não ganham a vida a fugir ao trabalho e a não deixar viver os inocentes com dez semanas de vida, como agora se defende publicamente. Se a moda pega continuam os assaltos e as mortes a tudo o que é vida, desde que se faça dentro das 10 semanas para que os autores ou autoras não possam ser criminalizados. É que para os que fingem não saber que a vida começa quando o espermatozóide se encontra com o óvulo, logo após o coito, tudo parece bem para não se assumirem as responsabilidades. Lembro-me da minha querida mãe que teve 12 filhos, alguns dos quais morreram, pequeninos, talvez porque as circunstâncias em que nasceram não lhes foram favoráveis. O meu pai esteve preso por ser católico e monárquico. Também teve que emigrar para França, quando o então Ministro da Justiça respondeu ao seu requerimento a pedir que o acusassem de crime que justificasse a sua prisão ou o soltassem. A resposta foi que o pusessem na fronteira porque a sua presença era então indesejável ao novo Regime: República que então se encapotava como Democracia da liberdade, igualdade e Fraternidade. Quando se iniciou a guerra de 1914-1918 o meu Pia resolveu deixar a França e ir para a Bélgica que era uma nação neutra. O comboio em que seguia foi interceptado pela tropa alemã que tinha invadido a Bélgica para atacar a França por esse lado e ficou num ermo sem recursos para os passageiros. A minha Mãe levava duas crianças a quem um oficial alemão ofereceu a sua ração de combate que incluía algum leite. Essas crianças vieram a falecer algum tempo depois. Foram para junto do seu Criador. Sobrou uma família numerosa que a minha mãe criou com muito carinho e o meu pai educou com sacrifícios, não tão grandes como os pais de hoje que foram forçados a emigrar para ganhar a vida. O meu pai tinha bens pessoais, era advogado e deixou de o ser quando despiu publicamente a sua toga, que achava que era incompatível com as novas leis da macabra República, que continua a inventar, até os referendos repetidos, para conseguir os seus objectivos. A vida humana mesmo quando longa depressa se esvai mas os que restam, da nossa família, sentem a obrigação de deixar cá filhos e netos que nos substituam. Portugal caminha com influências estranhas e costumes que não são os nossos. Mas a fé dos portugueses sabe que o crime não poderá sobreviver entre nós, sob a pena de deixarmos de ser o que somos há quase 10 séculos.

Fui educador e tenho muitas saudades dos amigos (alunos não) que procurei ajudar na saúde física e moral que faz dos Homens seres úteis à sociedade e das Mulheres rainhas no amor que dá a felicidade a todos os seres vivos, mesmo aos que andam por caminhos sinuosos. O referendo que agora se anuncia, para despenalizar o aborto, conta com as abstenções, com os portugueses que trabalham lá fora e não podem votar, com os pedófilos e as mulheres que querem governar a vida na prostituição e, ainda, com os delinquentes e toda a choldra de criminosos e copiadores, do que se passa em povos incivilizados, que sonham só viver na abastança.

A civilização não se conquista com dinheiro nem com guerras. Conquista-se com trabalho honrado e com o amor aos nossos semelhantes.

Portugal deu lições ao mundo, mas não as recebe de quem se limita a copiá-las dos outros mesmo quando quer respeitar as suas opiniões, como dizem os “democacas”. Respeitar é uma coisa e copiar é outra, dizemos nós.

Andar neste mundo só por ver andar os outros é um perigo para qualquer grupo de macacos que sonham só com o conforto, ostentação e muito dinheiro. O homem ou mulher civilizados não se distinguem pelas suas peneiras, mas pelas suas virtudes que se consubstanciam e resumem em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Aquela mulher que trazia o seu filho embrulhado em folhas de couve, merece-me muito mais respeito do que aquelas que, agora, querem o aborto. Lembrem-se da quadra feita pelo poeta Bocage, a pedido de um casal de malandros para a sepultura de um seu filho abortado, que reza assim:

“Aqui jaz um ser humano,

Que a luz do mundo nunca viu.

É filho de um grande corno

e da puta que o pariu.”

Joaquim António Delgado Crespo de Carvalho, Marmeleiro (Guarda)

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