Pensar em “viajar” de bicicleta da Guarda até Albufeira não é para todos e muito menos se o objectivo for fazer esse percurso, de quase 500 quilómetros, em apenas 24 horas. A coisa parece de loucos, mas foi o que seis amigos guardenses decidiram fazer no passado fim-de-semana, tendo partido à meia-noite de sábado e chegado ao destino algarvio às 3h30 de domingo, o que representa um ligeiro atraso em relação à ideia inicial.
Ao todo, David Rodrigues, de 20 anos, David Rebelo e João Rodrigues (ambos de 22), Alexandre Guillhoto (24), Daniel Andrade (32) e José Carlos Lopes (40) percorreram 487 quilómetros em cima das suas “máquinas” a uma velocidade média de 25,5 km/h. «Fomos por onde tínhamos que subir menos. Conseguimos estudar o trajecto ideal no Google Earth», explica José Carlos Lopes, o mais velho dos seis “aventureiros”, que reconhece que «já tinha idade para ter juízo». Também procuraram fugir às estradas principais, dando primazia às «municipais» onde se depararam com paisagens «espectaculares», tendo na maior parte do percurso apanhado piso «muito bom». Recorrendo sempre que possível à «técnica do pelotão, o que nos permitiu poupar muita energia», o grupo lá foi palmilhando quilómetros, passando por terras como Castelo Branco, Nisa, Évora, Ourique, até Albufeira.
O calor foi um dos principais obstáculos com que se debateram durante esta «aventura engraçada», já que, por vezes, o ar era tão quente que «parecia que levávamos um secador apontado ao corpo», já que sentiram temperaturas de 42 graus no Alentejo. Enfrentar uma recta de 17 quilómetros de extensão entre Évora e Viana do Alentejo, «ainda por cima feita à hora de almoço», bem como subir a Serra de Monchique, já de noite, foram outras dificuldades enfrentadas pelos ciclistas guardenses. José Carlos Lopes garante que todos tiveram um «cuidado extremo de hidratar e de comer», assim como em «rolar numa cadência sempre certa e sem esforçar muito». Também foi «impossível não descansar» numa viagem tão exigente como esta, tendo parado para almoçar em Évora. Já ao final da tarde de sábado, em Ferreira do Alentejo, nem pensaram duas vezes antes de mergulharem num lago existente no centro da vila.
Dormiram então cerca de duas horas, antes de partirem para os 156 quilómetros finais até ao destino algarvio. Contudo, «como o sol desapareceu, ganhámos uma nova alma», recorda o professor, que deixou um «agradecimento especial» a dois amigos que foram no carro de apoio. Dois dias após esta epopeia em duas rodas, o esforço despendido ainda se fazia sentir nos corpos dos participantes, o que atesta que «seja uma coisa para fazer uma vez na vida e com um treino prévio». José Carlos Lopes garante que todos ficaram contentes quando chegaram a Albufeira, até porque acredita que não «haja muita gente a fazer 480 quilómetros num dia», sublinha este ciclista amador que, no passado, já pedalou da Guarda até à Figueira da Foz e fez o caminho inverso no mesmo dia, num total de 410 quilómetros. O próximo desafio do grupo é ligar a cidade mais alta a Paris, percorrendo cerca de dois mil quilómetros em 10 dias. Mas esta «“aventura” já implica uma logística muito maior e mais dinheiro», afirma.
Ricardo Cordeiro 
