Embora associemos atualmente o Natal a rituais como a troca de presentes, a ornamentação de árvores, ou a iluminação das casas, a sua origem antecede em perto de 2.000 anos o nascimento de Jesus, remontando à Mesopotâmia e aos festivais de Fim de Ano.
Para os habitantes dos vales férteis do Eufrates e do Tigre, o Ano Novo representava uma grande crise. Devido à chegada do Inverno, eles acreditavam que os monstros do caos se enfureciam e Marduk, o seu principal deus tinha, que derrotá-los para preservar a continuidade da vida na Terra. Acontecia então o Zagmuk, um festival de Ano Novo que durava 12 dias para ajudar Marduk na sua batalha. A Mesopotâmia inspirou a cultura de muitos povos, como os gregos, que celebravam por esta mesma altura a luta de Zeus contra o titã Cronos.
Mais tarde, através da Grécia, o costume chegou aos romanos, tendo inspirado o festival chamado Saturnalia (em homenagem a Saturno). No dia 23 de dezembro dava-se o solstício do Inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério Norte, e para estes povos a data era parte de um ciclo de infertilidade que existia desde o Outono. Os dias tornavam-se cada vez mais frios e curtos, até ao ponto máximo do solstício. A partir de então, sabia-se que o Sol ia voltar a subir e o calor ressurgiria dentro de algum tempo. No dia 25 de dezembro, quando já era notória a vitória do dia sobre a noite, eram realizadas grandes festas nas ruas em comemoração do regresso do Sol.
Nessas festas surgiram grande parte das tradições natalícias que mantemos até hoje. Na Europa, algumas tribos celebravam ao redor de um pinheiro, uma das árvores mais resistentes ao frio. Isso tinha dois significados: além da força, por conseguir suportar o rigoroso Inverno, a sua forma, apontando para o céu, significava a união dos homens com o Sol. Para representar essa fertilidade que se iniciava, os participantes na festa trocavam presentes entre si e, enquanto dançavam e tocavam, comiam bolos e grãos. Árvores verdes eram ornamentadas com ramos de loureiro e iluminadas por muitas velas para espantar os maus espíritos da escuridão.
O Natal cristão e a celebração do nascimento do Menino Jesus só surgiu em meados do século IV d.C., tendo o Papa Júlio I fixado o dia 25 de dezembro, já que se desconhece a verdadeira data do Seu nascimento. Uma das explicações para a escolha desse dia como sendo o de Natal prende-se com a intenção de combater toda e qualquer celebração pagã do mês de Dezembro, nomeadamente a Saturnalia. Esses cultos que veneravam outras divindades tornaram-se uma ameaça para o poder da Igreja Católica quando ela começou a expandir-se, pelo que não poderia permitir cultos a outros deuses além do seu.
Contudo, tinha muitas dificuldades em impedir as festas do dia 25, de tão tradicionais que eram. Então, a Igreja deu um significado religioso à data e para que esta convenção fosse universalmente aceite, nada melhor do que absorver alguns dos rituais pagãos, como as velas e trocas de presentes, que passaram a simbolizar as ofertas feitas pelos três reis magos ao Menino Jesus. No ano de 1752, quando os cristãos abandonaram o calendário Juliano para adotar o Gregoriano, a data da celebração do Natal foi adiantada alguns dias para compensar esta mudança no calendário. Algumas zonas optaram por festejar o acontecimento a 6 de Janeiro, contudo, gradualmente esta data foi sendo associada à chegada dos Reis Magos e não ao nascimento de Jesus Cristo. Mas terá o Menino nascido a 25 de dezembro, ou pelo menos em dezembro? A resposta é muito improvável, porque nem mesmo os textos bíblicos especificam o dia ou mês do nascimento de Jesus. Um problema com Dezembro é que seria fora do comum que pastores estivessem «pastoreando nos campos», uma vez que era o período mais frio do ano, quando os campos ficavam improdutivos e cobertos de neve. A prática normal era manter os rebanhos nos campos da Primavera ao Outono. Além disso, o Inverno seria um tempo especialmente difícil para Maria viajar grávida pelo longo caminho de Nazaré a Belém (cerca de 100 quilómetros).
Tendo como referência algumas indicações bíblicas parece plausível que João Baptista tenha nascido em março, nove meses após a sua conceção em junho. Segundo este cálculo, Jesus que, segundo S. Lucas, terá nascido seis meses depois, poderá ter vindo ao mundo no mês de setembro.
Assumindo que todos estes cálculos estejam corretos, a “conceção” de Jesus, essa sim, terá acontecido em dezembro. Esta possibilidade é aceite por muitos católicos, que consideram o mês mais adequado para Deus trazer a “luz” à terra, já festejada muito antes de Jesus.